Pela patologização do acúmulo.

Tem algumas coisas que não são privilégios, são direitos. Casa, comida, educação e transporte são direitos! Isso não pode ser um merecimento.

 

Eu queria fazer um apelo à racionalidade. É necessário que a gente comece a lutar pela ‘patologização’ do acúmulo. É necessário que o acúmulo vire uma doença que entre para os anais da medicina. Antes que enfiem em todos os nossos anais, né? Porque… A gente tem que começar a não achar normal que algumas pessoas tenham tanto e outras pessoas tenham nada. Não pode ser normal que uma pessoa coma o caviar da única ova do peixe do sul da Malásia, enquanto as outras pessoas se alimentam de farinha. Não pode ser normal que pra ser feliz um grupinho de pessoas tenha que dormir com um travesseiro feito da pena do peito do ganso baby enquanto outras pessoas dormem na rua, num papelão. Isso não pode ser normal, você não pode achar isso normal. Tem algumas coisas que não são privilégios, são direitos. Casa, comida, educação e transporte são direitos! Isso não pode ser um merecimento. A gente tem uma confusão na sociedade atualmente entre o que é privilégio e o que é direito. A gente trata o consumo como um direito e consumo não é direito. Direito é a pessoa ter acesso. Consumo não é acesso, isso tem que ser ‘patologizado’. Essa doença ainda se desdobra numa doença mais grave. Porque eu até consigo ter um certo tipo de entendimento com as pessoas que lutam para manter o seu próprio privilégio, ou seja, elas querem continuar comendo o caviar da única ova do peixe da Malásia. Eu não consigo entender uma pessoa que luta pra manter o privilégio do outro, porque a grande maioria dos defensores da propriedade privada como um bem são pessoas que estão mais próximas do homem que dorme com o papelão na rua do que do que do travesseiro da pena do peito do ganso baby. Esse tipo de doença é uma doença mais grave, porque junto com isso vem a disforia de classe. A doença do acúmulo vem associada a disforia de classe. Sabe como chama essa doença do acúmulo? Capitalismo. E isso tem que ser combatido. A propriedade privada não é natural, não faz parte do DNA da raça humana. Aliás não faz parte do DNA de raça nenhuma. É uma doença, uma transgenia do ser humano achar que a propriedade privada é natural. Que alguns terem e outros não terem é: “ah assim são as coisas. Welcome to the jungle”. Ah! Comida, moradia, saúde, não é bem de consume. Não pode ser tratado assim, isso é direito. Isso não pode ser vendido. Isso tem que ser garantido. Como? Existem diversos meios, eu não estou defendendo o socialismo. Só que é impossível você não entender isso. Faz parte da doença, vai se tratar. Agora me xinguem a vontade, porque ui, ela é contra a propriedade privada. Claro, qualquer pessoa racional é contra a propriedade privada. Ah, então dá o seu iphone pro pobre. Dou! Se fosse resolver alguma coisa, eu dava!

7 Comentários

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CARLOS CESAR GONÇALVES

07/02/2017 - 01h55

Muito Bom fico sem palavras

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CARMEN EURYDICE CALHEIROS GOMES RIBEIRO

05/02/2017 - 19h57

Perfeita diferenciação entre direito e privilégios. Muito bom!

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Leonardo Leão

05/02/2017 - 19h04

Pesos e Medidas

Leonardo Leão

Medir,
essência de julgo
do outro:
igual ou diferente
o mesmo juízo.
Pedir,
verbo de essência
íntima:
alma ou corpo
a mesma dor.
Amar,
substância
mutada em verbo:
in verso ou saudade
a mesma culpa.
Por que amar
tanto?

Recife, 3 de fevereiro de 2017

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Sandra

04/02/2017 - 19h08

Adoro essa garota!!!!

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Miguel Freitas

03/02/2017 - 22h02

Ana perfeita, sempre incisiva direto ao ponto. O acúmulo de bens, terras, propriedades é uma aberração.

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Luiz Vicente

03/02/2017 - 12h09

Show, como sempre, Ana. E olha que vc nem falou dos 3 mil pares de sapato da Kimelda Marcos…

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Leonardo Leão

03/02/2017 - 11h38

Brava!
Bravíssima!!
Essa moça é uma danadinha da gota serena dos cachorros loucos!
Comunicar-se não exclui a intensidade da beleza!
Até quando ainda lutaremos pelo óbvio humano?

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