Mulher não tem que!
Homens, melhorem! Parem de reproduzir estereótipos sobre as mulheres. E o recado vai também para os homens de esquerda: "Não dá para você falar que luta pela igualdade quando você explora uma mulher".
Por Ana Roxo em 21 de junho às 09h26Eu vou ter que falar de novo sobre machismo, e eu vou ter que falar de novo sobre os homens. Homens: melhorem.
Eu sei que a trajetória do privilégio para a vergonha não é uma trajetória confortável. Eu sei, porque eu também faço essa trajetória como pessoa branca. É muito difícil abrir mão dos privilégios.
Mas eu quero dar uma dica para vocês. Tem dois tipos de vergonha. Vocês podem escolher essa vergonha, das atitudes que vocês estão perpetuando no machismo, se envergonhar disso e mudar, ou vocês podem ter a vergonha histórica.
Sabe quando você olha para trás e diz: “nossa, cara, esses caras escravizavam negros. Eles coisificavam pessoas. É horroroso”. No futuro, vão falar isso de vocês. Como o destino é a vergonha, escolhe a vergonha mais honrosa.
Para de defender estuprador. Para de acusar mulher. Para de criminalizar mulher. Para de exaltar a mulher pelas suas qualidades de ser uma boa pessoa para ser explorada. Tipo: “Ah, a minha mãe adora lavar, cozinhar e passar”. Não, ela não adora, querido. É o que ela tem, é como ela foi criada.
Para de fazer uma imposição de estereótipo de gênero. Mulher não tem que nada.
Mulher não tem que ser feminina.
Mulher não tem que te servir.
Mulher não ter que ser delicada.
Mulher não tem que ser mãe, mulher não tem que ser maternal.
Mulher não tem que usar salto. Mulher não tem que se maquiar. Mulher não tem que sentar direitinho com a perninha fechada.
Mulher não tem que se comportar mais do que os homens. Mulher não tem que se dar ao respeito. Se dar ao respeito, todo mundo tem.
Mulher não está te provocando porque está saindo com uma roupa mais curta.
Mulher não tem que te responder com educação quando você não é educado com ela.
Mulher não é “essa coisa toda minha e de ninguém mais pode ser”.
Mulher não é pura poesia. Mulher não é a luz do mundo. Mulher não é a virgem ou a puta. Mulher é um ser humano, igual a você, mas com xoxota. Tá bom?
Todos esses estereótipos que você coloca só ajudam a formar uma figura de uma mulher que não tem saída. Não tem saída. Se a mulher só se completa sendo mãe, o que resta das mulheres que não forem mães?
Por que um homem só não se completa sendo pai? Para com isso. Vocês estão passando bastante vergonha. Tá feio.
E eu não estou falando só para homem de direita não, viu? Não dá para você falar que luta pela igualdade quando você explora uma mulher.
O capitalismo foi feito em cima da exploração do trabalho feminino. Se liga!
“Ai, que brava”. É, tô brava. Melhorem.
Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do NOCAUTE. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie. Leia o nosso termo de uso.
Clá
22/06/2017 - 15h47
Oi Ana: excelente vídeo, muito bom.
A respeito da violência psicológica, que não deixa marcas aparentes, é de fundamental importância que as pessoas que recebem a denúncia estejam suficientemente instrumentalizadas para captar, no discurso da mulher que se encontra em situação de violência, os traços que podem fazer supor uma forma de funcionamento psíquico que é própria dos agressores.
Abraço,
Clá
Dalva Maria Ferreira
21/06/2017 - 15h50
Eu tenho reconheciddo MONTES de resquicios nojentos de machismo na minha propria pessoa. E estou na luta, me envergonhando do que eu era, sem perceber, e tentando mudar pra melhor. Obrigada por esse reforco. Antes tarde do que mais tarde!!!!
Clá
22/06/2017 - 20h46
Dalva: peço licença para escrever para você, a respeito de um assunto tão delicado. Não se envergonhe, nunca. Reconhecer os resquícios de machismo em sua pessoa é libertador: só assim é possível perceber que todas as inversões de culpa, todas as desqualificações, enfim, todas as manipulações feitas pelo agressor em relação à sua pessoa não definem quem você é, mas refletem o grau de desvio de caráter da pessoa que agride. Ter a oportunidade de se desidentificar desse discurso agressivo e doentio é nascer novamente. É poder seguir a vida, livre, e olhar para a figura do agressor e não sentir nada mais além de pena. É uma pessoa absolutamente desprezível.
Jeane
21/06/2017 - 13h50
Cabei de escrever sobre algo parecido. goo.gl/i7AvMr
Claudia
21/06/2017 - 10h08
Kkkk Ana Roxo é show!!!