Direitos humanos pra humanos. Ponto.

A raiva não pode ser institucionalizada. Você não pode querer uma polícia raivosa, nem uma justiça raivosa, nem uma esquerda raivosa, nem uma direita raivosa.

 

Achei um documento que está em desuso, tão bonito. Chama Declaração Universal dos Direitos Humanos, vocês conhecem? Eu vou ler uma trechos aqui, que eu acho mais relevantes pro momento histórico que a gente vive aqui no Brasil:

“Artigo 1

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”

Que loucura que ele tá propondo, né? Que todo mundo é igual.

“Artigo 2

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.”

O que isso significa? Que todo mundo é igual mesmo, e que todo mundo tem Direitos Humanos. Direitos Humanos não é uma pauta da esquerda ou da direito, ou pelo menos não deveria ser. É uma pauta DOS HUMANOS. Se você está vendo esse vídeo e entendendo esse vídeo, provavelmente você é humano. Se você é humano, você é capaz de entender que vc tem os mesmos direitos que outros seres humanos. Não tem humanos que tem um pouco mais de direitos, porque eles são humanos “de bem”. “Cidadão de bem” é uma construção histórica que varia com o tempo. É sempre bom lembrar que “Cidadão de Bem” era o nome do jornal na Alemanha Nazista. E na Alemanha Nazista, quem eram os cidadãos de bem e quem eram os cidadãos que perderam o direito de serem humanos e que foram tratados com desumanidade?

Entender os direitos humanos também não te torna sobre-humano, não te torna dono da verdade sobre o humano.

Claro que a raiva é um sentimento humano, todo mundo tem raiva. A gente vai se elaborando como ser humano pra entender que a gente sente raiva e depois a gente racionaliza e age não no momento da raiva: a gente age no momento da razão, né, pessoal? Depois dos 5 anos de idade fica meio chato agir na raiva, já da pra entender umas coisas.

A raiva não pode ser institucionalizada. Você não pode querer uma polícia raivosa, nem uma justiça raivosa, nem uma esquerda raivosa, nem uma direita raivosa. Desejar o destrato, a tortura, a exposição de outro ser humano, também fere os Direitos Humanos.

Você defender os Direitos Humanos dos seus iguais é fácil. Difícil é você defender o Direito Humano do seu inimigo, de um homofóbico, de um misógino, estrupador. É HUMANO. A humanidade é assim. E defender os Direitos Humanos não é defender a impunidade. É só não defender a vingança. A Justiça está aí – ou deveria estar aí – para isso. Tem que acreditar nos mecanismos que a humanidade criou, a gente não está mais na Lei de Talião, não é mais “olho por olho, dente por dente”.

Manja aquela parte: “olhai o próprio rabo”, que Jesus falou? “Quem nunca pecou atire a primeira pedra”? Não é possível que você não tenha assistido He-man, lido a Bíblia, visto Star Wars, qualquer um desses grandes épicos que te fazem entender que se você deseja para o seu inimigo o mesmo que seu inimigo deseja para você, você se torna igual a ele – ou pior do que ele.

Jesus já disse, o He-man já disse, o Yoda já disse. Você está esperando mais quem dizer pra se ligar?

 

ERRATA: Diferentemente do que digo no vídeo, “Cidadão de Bem” era o Jornal da KuKluxKlan. Dá um pouco na mesma, pois o ponto defendido é que o termo – cidadão de bem foi e é usado com o intuito de justificar ódio e perseguição a uma faixa de seres humanos, que são desumanizados e por isso, podem ser algo de tortura e maus tratos.

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