A construção do Pobre de Direita

O que leva um trabalhador a atacar outro trabalhador por causa de uma manifestação a favor dos direitos dos trabalhadores? Essa é uma pergunta que eu faço bastante.


 

Por Ana Roxo

 

O que leva um trabalhador a atacar outro trabalhador por causa de uma manifestação a favor dos direitos dos trabalhadores? Essa é uma pergunta que eu faço bastante. Inclusive eu cunhei um termo que chama disforia de classe. A gente já tem alguns vídeos sobre isso ou porque pobre vota em rico? Ou sobre o pobre de direita, esse fenômeno.

 

Eu queria aprofundar um pouco nesses mecanismos que criam esse ser. Primeiro a gente tem que separar que uma coisa é o trabalhador que não pode ir na manifestação pela contingência do trabalho dele. Ele tem medo de perder o emprego, realmente ele depende muito daquilo. Mas ele, mesmo não indo, vai dar um jeito de apoiar, ele não vai reclamar, ele vai divulgar. Ele realmente não consegue ir ou por medo ou por pressão, enfim essas coisas que acontecem.

 

A outra coisa é o trabalhador que reclama porque a manifestação está atrapalhando: ah não podia fazer no domingo para não atrapalhar. Manifestação é pra atrapalhar, manifestação que não atrapalha é bater panela, que a única coisa que acontece é entortar a panela. Não atrapalha ninguém, não precisa nem sair de casa, você vai na sua varanda gourmet e bate a panela.

 

Caso você não tenha nem varanda gourmet nem panela, talvez seja o caso de você pensar que você não faz parte desse rol que está sendo beneficiado pelo que está acontecendo. Uma manifestação que não atrapalha é como fornicar pelo direito a castidade. Uma manifestação é um grito. Um grito que ninguém ouve, é um grito? Vamos ficar com essa pergunta filosófica.

 

Tem uma martelação dessas mídias que é uma defesa de um pacifismo. A gente vai ter que começar a entender quando que ser radical passou a ser ruim. Quando que o bom é você ser meio pacifista. Que nem é pacifista, é ser meio pacato mesmo. Quando que um bom trabalhador virou um trabalhador submisso. Que isso é uma construção. É uma construção histórica, uma construção moderna. Uma construção que tem a ver com esse pulo pra um retirada dos direitos dos trabalhadores que foi conseguido com muita luta. Com muita greve. Com muita paralisação.

 

Essa construção de mundo, essa visão de mundo ele acaba abafando o conflito que é o mais importante que é um conflito de classes. Então a gente tem uma novela da globo onde os patrões são amigos dos empregados. O núcleo popular vive em casas que são um pouco menos suntuosas do que aquelas casas dos patrões, mas são casas estruturadas meio verde água, né. Com uma decoração verde água. São amigos, os patrões visitam. As vezes eles têm casos de amor. A gente tem uma novela clássica que a gente tem um caso de amor entre um proprietário de terra e uma pessoa do MST.

 

E aí parece que o conflito de classes é invenção do PT. Que o PT dividiu o Brasil. Não querido, o Brasil já estava dividido. Você que estava achando que estava tudo bem. A gente tem uma construção de dramaturgia onde o mal é sempre um mal individual e essencial. A gente não tem um mal sistêmico. A gente não consegue ver atitudes que são equivocadas dentro do sistema. A gente não consegue ver as opressões que o indivíduo sofre porque tudo isso sofre porque tudo isso é chapado numa dramaturgia, numa visão de mundo, numa contação de história, onde eu incluo o Jornal Nacional, que está tudo bem.

 

A gente tem que começar a olhar para essas construções para tentar desfazer elas, para ver se a gente consegue ter cidadãos e não consumidores. E para ver se a gente extingue esse fenômeno que é o pobre de direita. É o trabalhador que bate em trabalhador.

19 Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do NOCAUTE. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie. Leia o nosso termo de uso.

RAMON

29/08/2017 - 15h42

PETISTA FUDIDA DEVOLVA O DINHERO QUE GANHO DA TIA DILMA, VOCE NAO E PROBRE NEM TRABALHADORA E UMA VAGABUNDA QUE ENCHEU O CU DE DINHERO NO MANDATO DELES NEM SE DAO O TRABALHOE DE PROTESTA PAGAO MENDIGOS E CRACUDOS PRA ISSO

Responder

    Orlando Vilar Maia

    05/09/2017 - 00h15

    VC DEVE SER UM DESSES ANALFABETOS DO MBL, OU REVOLTADOS ONLINE, CUJO CÉREBRO POSSUI 1/1000000000000000000000 DE NEURÔNIO. EU QUERIA TE DIZER UMAS BOAS VERDADES E DESARMAR SEUS PODRES ARGUMENTOS. CONTUDO, ANALISANDO, PERCEBE CLARAMENTE QUE VC VC NÃO TEM ARGUMENTO ALGUM , SÓ LIXO DE XINGAMENTOS, PRÓPRIOS DA DIREITA FASCISTA E ESTÚPIDA. PORTANTO, MUITO MENOS FUNDAMENTO ALGUM. SEU DISCURSO , PORTANTO É VAZIO COMO SEU CÉREBRO. SERÁ QUE VC POSSUI QI, PARA DIZER TANTA ASNEIRA, OU ATÉ ESSAS ASNEIRAS SÃO DADAS À VC PELOS ULTRA-JUMENTOS E ADEPTOS DA TEORIA DO “EU NADA SEI, MAS VOU OFENDER A ESQUERDA”, PARA EU GANHAR DINHEIRO DOS EMPRESÁRIOS PARASITAS E LOBISTAS. ENTÃO, SE EU RESPONDER À VC EU ME ENQUADRO NO SEU CARDÁPIO DE IMBECIS ACÉFALOS. OU POSSO ME CONTAGIAR COM TANTA IGNORÂNCIA E FALTA DE NOÇÃO DE CONHECIMENTOS BÁSICOS COMO ECONOMIA, HISTÓRIA POLÍTICA, ETC. NO SEU CASO , ACHO QUE ÉS UM MERO REPETIDOR DAS ANOTAÇÕES VENDIDAS À EXCRESCÊNCIA DO HOLIDAY E DOS FAKE NEWS. LOGO, ME PERGUNTO,FAZER O QUÊ??? SÓ POSSO PEDIR QUE, PELO MENOS, DEIXE DE SER VAGABUNDO, E VÁ GANHAR DINHEIRO TRABALHANDO HONESTAMENTE, AO INVÉS DE SERVIR DE COBAIA E MARIONETE NAS MÃOS DOS IRMÃOS KOCK E DO CAPITAL RENTISTA E ESPECULATIVO. MAIS!!!! RESPEITE MAIS AS PESSOAS, SEM USAR XINGAMENTOS, COM PALAVRAS DE BAIXO CALÃO. EU SEI QUE VC É UM JUMENTO, MAS ATÉ UM JUMENTO SABE QUE NÃO SE DÁ UM COICE, EM QUEM NÃO MERECEU. AO FINAL, TE IMPLORO QUE COMA CAPIM DE MELHOR QUALIDADE, QUEM SABE VC SE TORNA UM JUMENTINHO COM MAIS JEITO DE ANIMAL, E NÃO DE UMA ABERRAÇÃO.

CAL

26/08/2017 - 15h23

Gostei do vídeo. É uma pena que muitos não dêem valor as conquistas dos direitos que foram obtidas com muita luta(pessoas morreram pra isso) e acham que é só pra arrecadar impostos. Experimente viver num país sem leis e sem limites que nos protejam. Aí, a iniciativa e o sucesso pessoal não irão te proteger das arbitrariedades. O “mercado” só se importa com quem pode consumir. Daí a necessidade de existir resistência, as pessoas precisam se organizar e fazer greves mesmo.

Responder

    RAMON

    29/08/2017 - 15h35

    BLA BLA BLA VAI APAGAR MENDIGO PRA FASER OS PROTESTO DE VOCES

Wanderson

24/08/2017 - 13h40

As palavras foram esvaziadas. Os direitos do trabalhador nada mais são do que IMPOSIÇÕES de coleta de dinheiro pelo ESTADO, cuja as regras de uso são definidas pelo PRÓPRIO ESTADO e qualquer acordo entre as partes que não siga essas regras é tido POR ILEGAL. Trabalhadores são os que trabalham e não aqueles que querem os tais “direitos” e sim aqueles que desejam agir de LIVRE INICIATIVA.

Responder

Fernando

23/08/2017 - 15h39

Se eu sou pobre e inculto a culpa é minha oras…porque o estado deve me proteger ? So se for de mim mesmo, pra evitar que eu consuma o que eu não tenho disponivel. Ser rico é admiravel, afinal é uma conquista (ou conquista do pai, não importa), se eu quero ser igual ao rico é porque quero consumir igual e isso não é necessario. O rico me explora se eu quiser, porque sou livre para decidir onde e como trabalhar, mas o meu intelecto é que vai decidir o quanto irei progredir e tambem o quanto irei gastar, se gasto mais do que tenho, me faltou intelecto , que eu mesmo arque com isso oras…

Responder

    Horácio Féres

    03/09/2017 - 21h38

    cara, como vc é burro…

Anabi Resende

18/08/2017 - 23h39

Levantei-me da cama à meia noite para me distrair e…pimba! Achei um monte de respostas que estava procurando há muito tempo. Ave, Ana!
P.S. 1 E pensar que o Zé Dirceu respondeu ao Requião, ainda no primeiro mandato de Lula, que o governo tinha, sim, uma televisão para divulgar seus feitos, a Globo. Mas ninguém é perfeito, né?
P.S. 2 E pensar que tudo poderia ser diferente. Até a Globo. Mas aí era querer demais, né?
P.S. 3 Ave, Ana!

Responder

Edson Antunes

09/08/2017 - 12h55

POBRE DE DIREITA EH UMA MERDA!!!!

Responder

Amilton

04/04/2017 - 22h05

Por isto que a direita tona conta… por burrice e manipulacao decidiotas de esquerda… AS MANIFESTACOES DE ESQUERDA DEVEM SER FEITAS AOS DOMINGOS… PENSEM!!!!

Responder

Jorge Nicanor

04/04/2017 - 19h39

Um texto primoroso! Que expõe exatamente como se construiu esse fenômeno brasileiros, o pobre de direita. Doutrinação prolongada sobre a a índole pacífica do brasileiro, da preguiça do índio e da malemolência dos negros. A desconstrução da autoestima do brasileiro. Precisamos discutir isso e reconstruir a alma desse povo, que não está mais “deitado em berço esplendido”.

Responder

    Jairo Moraes Junior

    08/04/2017 - 23h49

    Amigo, parabéns pelas reflexões, é bem isso mesmo.
    “da luta não me retiro”

Clá

04/04/2017 - 19h26

Ana, super vídeo. Adorei. Muito apropriado para o momento do país. Gostaria de acrescentar um comentário. Quando você fala “Tem uma martelação dessas mídias que é uma defesa de um pacifismo.” Não apenas isso, mas também, uma “martelação” das histórias de superação, que têm uma mensagem subliminar: “não importa o quanto o sistema te destrói; se você for bom/competente/determinado (e qualquer outro adjetivo que se adeque nessa série), você consegue.” Essa mensagem tem uma negativa, que também é subliminar: ” se você não consegue (se levantar, superar) é porque você não é bom o suficiente.” Lembra que, há poucos meses atrás, o Itaú lançou uma propaganda absolutamente infeliz (que durou pouco tempo no ar) que apresentava cenas de bem estar social e tinha como música de fundo “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.” Lembra? Quer afronta maior? Quer ofensiva mais contundente do establishment? Os vídeos com viés de denúncia são muitíssimo importantes, fundamentais. Parabéns!

Responder

    Luciano Prado

    09/04/2017 - 20h50

    Esse argumento da superação e de que tudo é possivel se você é bom e esforçado é conversa pra tanger boiada. Suponhamos que o mercado de trabalho disponibiliza apenas 10 vagas, mas 1 milhão procura emprego… Sacou? É tentar colocar um círculo grande dentro de um círculo minúsculo. O tolo tende a se culpar e a isentar os que lhe retiraram a possibilidade do emprego. Amarelo CBF se amarra no berrante da mídia.

Alan. Silva

04/04/2017 - 15h47

Que texto brega….kkkkkk

Responder

    Gilberto de Azevedo Neto

    04/04/2017 - 23h48

    Que comentário de gente frustrada… hahahaha
    Rir pra não chorar.

    JBueno

    05/04/2017 - 20h09

    Se você assistiu, é porque prendeu sua atenção. Leu? Bom, aí já seria pedir demais.

    Valdinei Dias Batista

    07/04/2017 - 16h47

    Brega é ser ignorante. E pior: nem se dar conta disso.

    Ari

    18/09/2017 - 16h46

    Pois eu devolvo a reflexão:por que se tenta explicar o “fenômeno do pobre de direita” e não se pergunta,do pobre de esquerda? Outra,que história e essa de “extinguir o pobre de direita”?que loucura e essa?desde quando isso é fora do comum(como se ser de direita,fosse alguma doença ou patologia anormal de que se precisasse de algum tratamento,rémedio,para “extinguir”voltar a ser de esquerda fanática,sem razão)não não e não,sou de direita,assim como grande parte dos paises sensatos e com minimo de bom senso.Todo o mundo é capitalista,toda Europa é de direita,É NORMAL SER DE DIREITA,CADA UM TEM DIREITO DE ESCOLHER SUA IDEOLOGIA COMO BEM ENTENDER!Eu sou de direita,e nunca bati em trabalhador.Essa mulher faz uma associação absurda,como se todo pobre de direita batesse em trabalhador de esquerda,quem compra a briga é voçês,cambada de esquedistas doidos. não saber que ser esquerda está relacionado á comunista,aí já e muita ignorãncia.

Deixe uma resposta

Recomendadas