Zé Dirceu: Sabe por que você paga os juros mais altos do planeta? Porque os bancos mandam em tudo.

Não há nenhuma razão para esses juros altos. A única razão é um assalto à renda do cidadão e da família, e um estrangulamento das pequenas e médias empresas.

Bom dia, meus amigos e minhas amigas do Nocaute.

Hoje quero falar sobre juros, os mais altos do mundo no Brasil. O Itaú anunciou um lucro de R$ 25 bilhões, o Bradesco R$ 15 bilhões, o Santander quase R$ 8 bilhões.

Os bancos a cada cinco, sete anos, ganham o equivalente ao patrimônio de cada um com juros. O cartão de crédito e o crédito especial continuam com juros 12%,13% ao mês, e 330%, 340% ao ano. O crédito pessoal, das famílias, para comprar bens duráveis, é de mais de 100%.

Os bancos ganham em média 25% a 30% sobre o dinheiro que tomam emprestado do cidadão. A diferença entre o que os bancos pagam para nós, por colocarmos um dinheiro no banco, e o lucro que têm é de 30% a 40%, chega a 45% em operações no mercado livre.

Se um banco, e o sistema todo empresta hoje, por exemplo, R$ 1 trilhão e meio de recursos livres, se o spread, quer dizer, a diferença que o banco ganha é de 25%, significa R$ 400 bilhões, sobre R$ 1 trilhão e meio. É um assalto. Não há em nenhum país do mundo essas taxas de juros, elas não existem.

Portanto é hora de pedir para os banco explicarem para o país o porquê desses juros altos. O que dizem os bancos? Que é por causa da inadimplência, mas a inadimplência não chega a 3,5% em média, e vem caindo. Dizem que é por causa da tributação, mas a tributação brasileira é considerada uma das mais baixas do mundo. Dizem que é por causa do governo, da burocracia, mas os bancos recebem todos os anos R$ 23 bilhões em tarifas. Com isso praticamente pagam o investimento tecnológico e a folha pessoal.

Não há, portanto, razão, a não ser o monopólio. Os banco mandam. Com um duopólio do Bradesco, Itaú/Unibanco, e o Santander de sócio, e depois o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. É um monopólio.E o controle do Banco Central, o controle da política monetária e do Conselho Monetário Nacional.

Ainda querem dar independência ao Banco Central, como se a política econômica, a política monetária não fosse uma política, fosse uma ciência, uma questão técnica. Não é!

Economia é como organizamos a sociedade, como partilhamos a riqueza, a propriedade e a renda. E cada grupo social, cada classe social, disputa essa renda, que é a renda nacional: o trabalho, o lucro, o aluguel, o governo com os impostos. Os bancos, cada vez mais, tomam parte da renda nacional, e cada vez mais, o trabalho, o salário, perde sua participação na renda nacional.

E não há investimento portanto, porque os juros são altos e todos preferem aplicar no mercado financeiro, viver do rentismo, que é o grande mal hoje no Brasil. E ainda querem acabar com o BNDES. O lucro do BNDES é de cerca de R$ 4,5 bilhões ao ano. Comparem com os R$ 25 bilhões do Itaú. Mas os juros médios do BNDES são de 8,9%.

Se o BNDES pode emprestar 8,9%, por que os outros bancos não podem? É verdade que o cheque especial, o cartão de crédito, têm mais riscos que o empréstimo a uma pessoa jurídica.

A construção civil, por exemplo, caiu 14% o juro, enquanto a Selic caiu pela metade. Por que esse juro alto na construção civil, no crediário, que inviabiliza o crescimento do país? Lembre-se que a construção civil é emprego, que o BNDES é política de infraestrutura, industrial e tecnológica.

Por isso que o BNDES tem que continuar e ser fortalecido. Por isso que os bancos públicos têm que continuar e serem fortalecidos, o sistemas público de crédito no Brasil – ao contrário do que pregam os golpistas e o capital financeiro.

Não há nenhuma razão para esses juros altos. A única razão é um assalto à renda do cidadão e da família, e um estrangulamento das pequenas e médias empresas. Tanto é verdade que o crédito rural é subsidiado pelo governo, o crédito habitacional e de saneamento é subsidiado pelo governo, corretamente, para permitir o desenvolvimento do país.

Portanto meus amigos e minhas amigas, é preciso denunciar e lutar contra essa falácia de independência do Banco Central. Querem mais, agora autorizaram o Banco Central dar a última palavra sobre fusões e aquisições, não mais o Cade. Ou seja, o órgão que tem que combater a formação de monopólios e cartéis, transfere, quando se trata dos bancos, para o Banco Central, que é controlado pelos bancos, o combate ao monopólio.

Pior, criaram uma legislação de normas do Banco Central para impedir a investigação dos bancos em matéria de lavagem de dinheiro. O papel que os bancos tiveram e têm na remessa ilegal de recursos para o exterior e na lavagem de dinheiro. Blindaram os bancos, que agora só têm que fazer acordos administrativos com as autoridades, seja o Ministério Público, a CGU, o Tribunal de Contas da União. Um escândalo!

Cada vez mais os bancos têm mais poder, e o cidadão, a família a empresa, menos. Por isso, use a força do seu voto, a força da sua opinião, a força da sua presença nas ruas para protestar e denunciar o duopólio que domina o país e essa política que favorece o rentismo.

Nada explica esses juros altos a não ser o poder político que eles controlam e dominam. É hora de lutar contra os juros altos, começando em taxar em 50% o lucro extraordinário dos bancos.

Vamos começar por aí, e vamos enfrentar o monopólio bancário.


4 Comentários

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Iolanda

05/03/2018 - 18h33

É hilário ver o Dirceu com essa conversa mole. O caboclo tá com uma tornozeleira eletrônica. Só no Brasil!

Responder

    João de Paiva

    07/03/2018 - 06h05

    Há cerca dois mil anos, um judeu pobre, que viveu na região de Nazaré, foi preso, “julgado” segundo as leis vigentes e condenado à morte de cruz, considerada a mais vexatória e aviltante de então. Com José Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha, João Vaccari, Henrique Pizzolato e milhares de brasileiros pobres, anônimos, acontece algo semelhante.

    É bom lembrar como o nome daquele judeu crucificado e de seus algozes entraram para a História. Assim também acontece e acontecerá com os líderes da Esquerda, perseguidos e injustiçados pelas ORCRIMs e oligarquias atuais.

José Eduardo Garcia de Souza

05/03/2018 - 12h16

É sempre bom ver que alguém questiona este “império dos bancos” no Brasil, mas talvez José Dirceu devesse também ter mencionado que um levantamento do Correio Braziliense de 2015 mostrou que:
1) Nos três primeiros anos de mandato de Dilma Rousseff, os bancos lucraram R$ 115,75 bilhões contra R$ 63,63 bilhões, em valor atualizado, nos oito anos de mandato de FHC.
2) E, nos oito anos do governo Lula, lucraram R$ 254,76 bilhões.
Será que ele “esqueceu” de algo?

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    LEOPOLDO CORREA

    05/03/2018 - 17h09

    É sempre assim, quando está no poder TODOS ficam de braços dados com banqueiros, grandes empresários, os tais rentistas etc. Agora que está fora, foi chutado, quase em cana, vem com esse papinho, conversa pra boi dormir. Devia era ter vergonha na cara e sumir do mapa. Quer ajudar os brasileiros? Muda para Cuba Dirceu.

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