Você sabe onde estão os R$ 35 mil que sumiram da mala de R$ 500 mil do deputado Loures? Viraram cocô.
Sem colocar chip no dinheiro, sem grampear nenhum telefone, sem coercitar ninguém, Nocaute reconstituiu a trajetória do dinheiro que faltava na mala do deputado e concluiu: a grana terminou seus dias no fundo do rio Tietê.
Por Fernando Morais em 31 de maio às 18h22No submundo da política diz-se que grana de propina é como barra de gelo: em cada mão que passa diminui um pouco.
Na semana passada a opinião pública acompanhou a emocionante história da mala com R$ 500 mil entregue ao hoje ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), homem da mais estrita confiança do presidente Postiço Michel Temer.
Loures foi filmado pela Federal quando recebia a mala de um diretor da Friboi e, assustado, corria para um táxi arrastando sobre rodinhas os quinhentos contos. Em seguida Loures e a mala desaparecem como se nunca tivessem existido.
A mala permaneceu sumida, mas o sorridente Loures reapareceu dias depois em Nova York, todo pimpão (ver foto), abraçado ao prefeito João Dória, que se encontrava nos EUA para receber o prêmio de Homem do Ano (“Person of the Year”), oferecido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.
Alcançado pela longa mão dos federais quando desembarcava no aeroporto de Guarulhos, Loures devolveu a mala. Como na fábula da barra de gelo, porém, em vez de R$ 500 mil, ela continha apenas R$ 465 mil. Ou seja, R$ 35 mil reais tinham derretido no caminho.
Nocaute descobriu onde foi parar o naco de grana que havia evaporado: no caixa de “um dos restaurantes mais chiques de São Paulo”, segundo revelou a este blog um informante da KGB. Sim, isso mesmo: Loures decidiu comer e beber os R$ 35 mil da propina. Para dar conta da odisseia, convidou dois amigos. Como o informe soviético não especifica o restaurante, fomos a campo descobrir como se consegue gastar 35 milhas em um jantar.
Com a ajuda de especialistas na arte de bem comer e bem beber, montamos um cardápio tomando como referencia a meca da gastronomia paulista, o restaurante Fasano (que um dos nossos consultores chamou de “lugar jeca, de novo-rico caipira”). A escolha do Fasano deve-se apenas aos preços ali praticados (“preços cobrados” é coisa de pobre), sem que isso signifique que a grande bouffe tenha se dado lá – embora possa ter sido.
- Três entradas de caviar Ossetra – R$1.950
- Primo piatto: três Ravioli de Batata com Bacalhau – R$ 375
- Secondo: dois Ossobuco a Milanesa (fora do cardápio, especial) – R$ 320 e um Faisão Assado com Ervilhas – R$ 160,00
- Três sobremesas: Baba au Rum com salada de frutas e Creme Marsala – R$ 138
Vinhos:
- Uma garrafa de Sassicaia Tenuta San Guido 2012 – R$ 8.000
- Uma garrafa de Chateau la Mission de Haut Brion – R$ 18.000
Subtotal: R$ 28.943
Propina (no bom sentido) 13%: R$ 3.762
Total: R$ 32.705
Ainda sobraram dois contos e duzentos para dar pro guardador do carro, na porta do restaurante.
Apertado pelos homens da lei, o deputado Rodrigo Loures reembolsou as arcas públicas fazendo um depósito de R$ 35 mil na Caixa Econômica Federal (ver foto).
Mas estes são outros R$ 35 mil. Os originais, subtraídos da mala, hoje jazem no fundo do Rio Tietê, sob a forma de resíduos alimentares ingeridos, mas não integralmente absorvidos pelo corpo humano, conhecidos popularmente como bolo fecal, ou simplesmente cocô.
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Vicente
31/05/2017 - 20h09
E já que este espaço permite um vocabulário meio de nível de rua, mais merda virá por aí quando o ex-deputado chegar a Curitiba.