A verdade é obra de todos.

Se a sua informação é parcial e duvidosa, porque editada por critérios políticos e não jornalísticos, como pretender que as pessoas confiem nelas?

 

Nenhum problema é maior para o jornalismo, e seu papel fundamental na vida democrática, do que essa crise de credibilidade da informação, que assola o Brasil e inúmeros outros países.

 

É gravíssimo quando perda de credibilidade se desloca dos veículos noticiosos para os fatos em si.

 

Não se trata mais de um ou outro veículo sofrer o descrédito, por alguns ou muitos erros que tenham cometido. Isso sempre aconteceu no jornalismo, não é novidade alguma.

 

Trata-se agora de descrer dos próprios fatos e de tudo que os converte em notícia: os dados, as fontes, as conclusões, os jornalistas e os veículos informativos.

 

Trata-se de descrer do jornalismo como um todo, e de seu tradicional papel de intérprete da realidade e moderador do debate público.

 

O Facebook anunciou em dezembro que implantaria novos métodos para conter as notícias falsas em sua rede. Em fevereiro, ainda não se percebe nenhuma mudança. No Twitter, também não.

 

O Google diz que detectou um bilhão e setecentos milhões de anúncios falsos em 2016, mais do que o dobro de 2015.

 

Diz que revisou mais de 550 sites suspeitos de difundir conteúdo enganoso, inclusive de organizações de notícias, e que expulsou quase 200 publicadores.

 

É muita informação falsa para pouca providência. É muita passividade, diante de um problema crucial para a sobrevivência da própria democracia.

 

O combate às notícias falsas não pode ser um bicho de sete cabeças. Não é difícil identificar muitas delas.

 

Esta coluna mesmo, há algumas semanas, listou uma série de sites publicadores ou reprodutores de inverdades e distorções jornalísticas.  Eles já foram denunciados também por outros jornalistas e pesquisadores da comunicação.

 

Todos seguem no ar e suas falsidades seguem sendo compartilhadas por milhares de pessoas.

 

Por que eles não são simplesmente vetados, impedidos de circular nas redes sociais? Será tão complexo o “algoritmo” necessário para fazer isso?

 

Por que as pessoas, ao menos as já informadas desse problema das notícias falsas, não atentam para o que difundem? Por que insistem em compartilhar notícias que sequer leram, apenas pelo que diz a manchete?

 

Já os veículos precisam entender, com urgência, que o “jornalismo de guerra” que vêm praticando também liquida a credibilidade da informação.

 

Se a sua informação é parcial e duvidosa, porque editada por critérios políticos e não jornalísticos, como pretender que as pessoas confiem nelas?

 

A “pós-verdade” não é uma disfunção social de responsabilidade única das redes sociais, como muitas análises vêm sugerindo.

 

É um problema de todos – fontes, veículos, redes sociais e o público – e só será resolvido se for enfrentado por todos.

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