Universidades de vários estados darão o curso que o MEC vetou na UnB
Após Mendonça Filho condenar curso na UnB sobre o golpe de 2016, universidades públicas incluem a disciplina nas suas grades.
Por Manuela Azenha em 26 de Fevereiro às 19h23
Após a repercussão do caso da Universidade de Brasília, vítima de ameaça de censura por parte do ministro da Educação, Mendonça Filho, outras universidades do país se solidarizaram e também incluíram a disciplina sobre o golpe de 2016 em suas grades curriculares.
É o caso da Unicamp, Universidade Federal da Bahia e Universidade Federal do Amazonas, que oferecerão a seus alunos os mesmos ou variações dos tópicos e bibliografia do curso “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, criado pelo professor titular da UnB, Luis Felipe Miguel.
“Existe uma articulação nacional de resistência à ingerência indevida do senhor Ministro da Educação na autonomia universitária, que foi historicamente conquistada no mundo”, diz a professora Patrícia Valim, do departamento de Filosofia e Ciências Humanas UFBA. Na Bahia, o curso será coordenado pelo professor Carlos Zacarias.
Segundo ele, apesar das divergências políticas dentro da universidade, existe um sentimento majoritário de que houve um golpe em 2016: “A nossa limitada democracia está em risco e é preciso defendê-la, começando a defender a universidade”.
Mendonça Filho publicou um texto no Facebook na quarta-feira passada no qual diz que acionaria a Advocacia-Geral da União (AGU), o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal (MPF) para que seja apurada “improbidade administrativa” por parte dos responsáveis pela criação da disciplina: “A ementa da disciplina traz indicativos claros de uso de toda uma estrutura acadêmica, custeada por todos os brasileiros com recursos públicos, para benefício político e ideológico de determinado segmento partidário, citando, inclusive, nominalmente o PT”.
Segundo um dos coordenadores do curso na Unicamp, a manifestação do MEC mostra que o governo Temer “já foi muito longe no autoritarismo”: “Um ministro da educação imaginar que pode intervir nos programas e nas teses das disciplinas oferecidas pelas universidades é algo muito grave. A produção científica e cultural e a formação dos estudantes dependem da liberdade de pensamento, do pluralismo e da autonomia universitária”.
Para o professor César Augusto Queirós, da UFAM, a rede de solidariedade que se formou é uma “clara demonstração de que a comunidade acadêmica não tolerará a censura à atividade intelectual. Infelizmente, estamos vivendo um tempo em que fantasmas do passado nos espreitam e se torna fácil para quem tem o papel social de analisar o passado escutar as mesmas vozes que gritaram em 1964 e durante a ditadura militar”.
Apesar das manifestações do MEC, ou graças a elas, a inscrição de alunos na disciplina na UnB está lotada e já tem lista de espera. De acordo com o sistema da universidade, 40 estudantes aguardam desistências para cursar a matéria. O semestre letivo começa no dia 5 de março.
Em resposta à manifestação de Mendonça Filho, Miguel afirma que trata-se de “uma disciplina corriqueira (…) que não merece o estardalhaço artificialmente criado sobre ela. A única coisa que não é corriqueira é a situação atual do Brasil, sobre a qual a disciplina se debruçará”, diz o texto publicado pelo professor no Facebook.
Atualizada às 12h do dia 27 de fevereiro
Após o fechamento da reportagem, várias outras universidades do país anunciaram que também dariam o curso. Veja a lista abaixo:
Unicamp (Universidade de Campinas)
UFBA (Universidade Federal da Bahia)
UFAM (Universidade Federal do Amazonas)
UFS (Universidade Federal de Sergipe)
UEPB (Universidade Estadual da Paraíba)
URGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei)
UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora)
UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)
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Aparecida Fernandes
01/03/2018 - 13h51
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN também ofertará a disciplina.
Daniel Viana de Souza
27/02/2018 - 17h09
Gostaria de acrescentar que aqui na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), na minha disciplina, trabalharemos com base nos conteúdos propostos pelo professor Luis Felipe da UnB.
Ricardo
27/02/2018 - 14h33
CORRIJAM: UFAM é sigla para Universidade Federal do Amazonas (e não da Amazônia).
Hélcio Queiroz Braga
27/02/2018 - 12h18
Em realidade faço um pedido. Na condição de professor, peço-lhes que não escrevam a palavra educação com a letra s. Fui corrigir um aluno e ele me mostrou o sítio, como redigem os portugueses, do Nocaute, com a palavra educação redigida com a letra s.
Armando
27/02/2018 - 08h17
Golpe foi o que Renan Calhorda e sua trupe tentaram fazer pra tentar barrar o impeachment legal e muito bem votado da Dilmanta.
Golpe foi o que Dilmanta tentou fazer pra salvar Luladrão da justiça, tentando torná-lo ministro a força.
Golpe é o que os PTralhas e sua gangue queriam aplicar no Brasil, uma ditadura comunista, como na Venezuela e Cuba.
Mas vocês podem fechar os olhos para toda essa podridão, pois quando abri-los estarão atolados na lama e seus bandidos de estimação estarão nadando no seu dinheiro suado e rindo de sua cara.
Carlos Azevedo
27/02/2018 - 11h50
Armando você não me parece qualificado para debater. Você fala “quando abrirem os olhos estarão atolados na lama e seus bandidos de estimação estarão nadando no seu dinheiro e rindo da sua cara.” e não percebe que é justamente o que está ocorrendo com você. Você não inspira muita confiança com esse discurso de “petralhas” e nada fala sobre a questão da matéria, qual seja, a tentativa de interferência do ministro na liberdade de pensamento e de cátedra. Comentário típico do que se convencionou chamar de “coxinha”. Apaga que está feio.
apartidario que nao virou coxinha
27/02/2018 - 17h15
Pra variar sempre aparece um neofascista com argumentação típica de analfabetos politicos alienados!!!