Uma reforma política para sustentar um governo democrático

O ex-prefeito Fernando Haddad propõe eleger o Congresso Nacional no segundo turno das eleições presidenciais.

Muitas pessoas têm se perguntado como seria possível a um presidente da República, com um sistema partidário tão fragmentado quanto o nosso, compor uma maioria em bases republicanas, ou seja, com base em valores, princípios, programas, de acordo com uma visão de mundo, e que não precisasse, como tem sido muito comum no Brasil, um jogo de forças entre o Executivo e o Legislativo para que a agenda nacional pudesse avançar. Essa é uma pergunta absolutamente legítima.

Infelizmente, o Congresso Nacional aprovou uma reforma política com o fim da coligação proporcional só a partir de 2020. Isso significa que ainda em 2018 pode acontecer de você votar no deputado de um partido e eleger um deputado de um partido coligado que pensa o oposto daquele que você elegeu.

Isso é uma distorção do nosso sistema representativo que vai ser em parte corrigida pelo fim da coligação proporcional. Mas vamos pensar adiante. Mesmo com o fim da coligação proporcional, você pode ter uma fragmentação partidária, muitos partidos com o número de deputados inexpressivo comparativamente ao total de deputados. Você pode ter partidos com 20, 30 deputados num universo de 513.

Você vai ter que compor maioria fazendo uma coalizão de 5, 6 partidos para formar maioria. Isso não parece razoável. Qual é a ideia que estou discutindo com o presidente Lula, uma ideia pessoal, na condição de professor de Ciência Política, mas que eu sinto que nas conversas reservadas ela vem ganhando alguma adesão? A ideia de elegermos o Congresso Nacional não no primeiro, mas no segundo turno. Porque no segundo turno ou você vai ter o presidente já eleito ou terá dois candidatos que vão precisar organizar quem vai ser da situação e quem vai ser da oposição. A chance do voto formar coalizão é muito maior. Ou seja, ao invés do presidente formar coalizão depois, ele forma durante o período eleitoral.

Essa ideia surgiu da observação do que aconteceu na França. A França estava numa situação muito delicada em que o presidente era eleito, o primeiro-ministro era eleito indiretamente pela Assembleia Nacional e poderia haver um descasamento entre os dois.

O que os franceses fizeram? Eles estabeleceram o mesmo calendário na eleição presidencial e da Assembleia Nacional, então os mandatos são praticamente coincidentes, mas a Assembleia Nacional só é eleita depois de conhecido o presidente da França.

É o que aconteceu com o Macron recentemente. Ele eleito conseguiu articular uma maioria que dá sustentação a seu governo. Ele não tem portanto problemas de governabilidade e mesmo tendo um sistema pluripartidário, ele consegue formar uma maioria sem as práticas corriqueiras de um sistema desorganizado.

Então estou deixando aqui essa reflexão, essa ideia, que não vai poder prevalecer para 2018, mas temos que apontar uma reforma política mais consistente para o futuro. E uma pequena mudança como essa pode significar a sustentabilidade de um governo democraticamente eleito que não esteja sujeito a golpes como o que aconteceu em 2016, depois da eleição de 2014.

4 Comentários

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João de Paiva

12/03/2018 - 08h21

A censura e o patrulhamento estão a pleno vapor, nos chamados blogues “de esquerda” ou “progressistas”. O ataque coordenado ao Duplo Expresso, com as sucessivas tentativas de assassinar a reputação de seus editores – Wellington Calasans e Romulus Maya – foi um fiasco, um vexame, um tiro pela culatra. Romulus fez exumação e autópsia de dois blogues e blogueiros, ditos “progressistas”, cujas entranhas o editor do Duplo Expresso expôs à luz solar. Ficou muito feio para tais blogs e blogueiros.

O Duplo Expresso, por meio de seus editores, mostrou aos leitores, ouvintes e espectadores, que esse ‘Plano B’, ‘Plano FH’ ou ‘Plano FHCiro’ nada tem de original, sendo uma cópia carbono mal feita de Emanuel Macron, que conseguiu demolir, por dentro, o Partido socialista e a Esquerda francesa com viabilidade eleitoral. Os editores do DE mostraram e demonstraram que, neste momento, as alas do PT que se juntam em torno de Fernando Haddad, esse ‘Plano B’, representam auto-destruição do PT e da Esquerda Política brasileira com viabilidade eleitoral.

Neste post in comento temos a emissão, assinatura e registro em cartório, de um recibo confirmando TUDO o que o Duplo Expresso vem denunciando.

Ontem censuraram meu comentário crítico, mostrando que o DE acertou mais uma vez. Se este for, também censurado, a tese defendida por Wellington Calasans e Romulus Maya se confirmará de forma definitiva.

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João de Paiva

10/03/2018 - 07h21

Na recente contenda, na verdade um ataque coordenado perpetrado por algumas parlamentares do PT e blogs aliados (chamados de “progressistas”) contra o Duplo Expresso, Wellington Calasans e Romulus Maya fizeram uma exumação e uma autópsia desse famigerado “Plano B’, por eles apelidado de ‘Plano FH’ ou ‘Plano FHCiro’.

Neste post vemos que os editores do duplo expresso acertaram ‘na mosca’. ou seja, identificaram e abateram, em pleno vôo, essa sórdida trama de demolir o PT e a Esquerda, por dentro. Os editores do Duplo Expresso fizeram analogia com o caso da França, o PS francês e Emanuel Macron. Com este post FH passa recibo assinado e registrado em cartório.

Ponto para o duplo Expresso.

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João de Paiva

10/03/2018 - 07h21

Na recente contenda, na verdade um ataque coordenado perpetrado por algumas parlamentares do PT e blogs aliados (chamados de “progressistas”) contra o Duplo Expresso, Wellington Calasans e Romulus Maya fizeram uma exumação e uma autópsia desse famigerado “Plano B’, por eles apelidado de ‘Plano FH’ ou ‘Plano FHCiro’.

Neste post vemos que os editores do duplo expresso acertaram ‘na mosca’. ou seja, identificaram e abateram, em pleno vôo, essa sórdida trama de demolir o PT e a Esquerda, por dentro. Os editores do Duplo Expresso fizeram analogia com o caso da França, o PS francês e Emanuel Macron. Com este post FH passa recibo assinado e registrado em cartório.

Ponto para o duplo Expresso.

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VICENTE DA ROCHA SOARES FERREIRA

09/03/2018 - 22h07

Sem dúvida, é uma boa proposta, Haddad. Presidencialismo de coalisão do jeito que está aí é terrível.

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