Um vampiro assombra a Sapucaí: é Michel Miguel, o chupa-pátria.

A escola Paraíso de Tuiuti recontou a história da escravidão no Brasil e fez duras críticas à reforma trabalhista e ao presidente Michel Temer, que foi representado por um “vampiro gigante” em um dos carros da escola. O desfile fez parte do primeiro dia de carnaval na Sapucaí, no Rio de Janeiro.  

O historiador Léo Morais, que encarnou o presidente vampiro, disse que o desfile também é uma forma de protesto e que todo mundo quer botar pra fora, gritar “Fora Temer”. “Sou professor de história e o protesto tem tudo a ver comigo. Esse protesto é a minha cara. Eu acho que é uma retomada dos enredos críticos. A gente está num momento que tem que gritar mesmo”,

As três últimas alas do desfile retrataram dificuldade dos brasileiros em busca de bons empregos. Teve menção aos “manifestoches”, com panelas e camisas amarelas, ironizando manifestantes que pediam o impeachment de Dilma e que foram manipulados pela mídia.

Com o último carro, a Tuiuti apresentou um “novo navio negreiro” buscando fazer uma comparação entre os “novos trabalhadores explorados pela classe dominante” e os escravos do passado.

E a rede Globo, uma das principais articuladoras do golpe parlamentar no Brasil e porta-voz do governo de Temer, foi obrigada a transmitir o desfile ao vivo.

Em Recife Michel Miguel, o chupa-pátria, apareceu de fraldão geriátrico e bolsa de xixi.

Abaixo, parte do samba enredo da Paraíso de Tuiuti

“Irmão de olho claro ou da Guiné

Qual será o seu valor? Pobre artigo de mercado

Senhor, eu não tenho a sua fé e nem tenho a sua cor

Tenho sangue avermelhado

O mesmo que escorre da ferida

Mostra que a vida se lamenta por nós dois

Mas falta em seu peito um coração

Ao me dar a escravidão e um prato de feijão com arroz”.