Um perfil de Andréa Neves, a irmã de aço de Aécio, presa pela Federal
Para quem não sabe quem é Andrea Neves, a super irmã do meio-senador Aécio Neves, Nocaute sugere este belo perfil da moça. Foi escrito há alguns anos pelo jornalista Lucas Figueiredo, mas continua muito atual.
Por Nocaute em 18 de maio às 10h51Do blog do Lucas Figueiredo:
Aécio se separa da irmã Andrea Neves (ou a divisão que multiplica)
Em Minas Gerais, nos quase oito anos em que Aécio Neves foi governador (2003-2010), um naco significativo do poder no Estado, talvez até mesmo excepcional, esteve nas mãos de Andrea Neves, irmã mais velha de Aécio. Formalmente, Andrea era apenas a presidente do Servas (Serviço Voluntário de Assistência Social). Na prática, comandava com mãos de ferro o núcleo de comunicação (imprensa + publicidade + marketing político) e se fazia ouvir, com muita facilidade, nas secretarias de Estado, nas estatais e nos órgãos públicos locais. Enquanto à luz dos holofotes Aécio esbanjava charme, simpatia e leveza e, como Tancredo Neves, seu avô, se esmerava em personificar a conciliação na política, Andrea era, nos bastidores, a general de campo de sangrentas batalhas, o tira mau da dupla, o desgraçado dr. Hyde que assumia os pecados do impoluto dr. Jekyll.
Se Aécio chegou aonde chegou, deve grande parte disso a Andrea.
Contudo, em 2011, ou seja, daqui a poucos dias, a dupla irá se separar. Aécio assumirá, em Brasília, uma cadeira no Senado, enquanto Andrea permanecerá em Minas, provavelmente à frente do Serviço Voluntário de Assistência Social. O que a princípio pode parecer uma divisão, na verdade, é uma multiplicação. Com Andrea no Servas, Aécio continuará a mandar no governo de Minas, que, ao fim e ao cabo, é a principal plataforma com que ele almeja alcançar a Presidência da República em 2014 (ou 2018, ou 2022, ou 2026…).
O nome de Andrea chegou a ser cotado para assumir, em 2011, a Secretaria de Cultura de Minas Gerais. Porém, na semana passada, em declaração ao jornal O Tempo, de Belo Horizonte, ela própria antecipou que prefere continuar à frente do Servas. “Não estando em nenhuma secretaria, poderia continuar conversando com todas”, afirmou Andrea, no seu peculiar estilo soft panzer.
Se se confirma um dia a profecia sussurrada nas Gerais, Aécio será presidente da República, saldando assim, no imaginário mineiro, uma dívida do Brasil com Minas. É bom, então, prestar atenção em Andrea Neves.
O presidente Ernesto Geisel teve Golbery do Couto e Silva, Fernando Henrique Cardoso teve Sérgio Motta, e Lula, por um tempo, contou com José Dirceu. Caso Aécio chegue ao Planalto, ele terá por trás de si a irmã, uma mistura dos três.
Aécio, ao lado de Andrea, aplaude evento do Servas em 2009: assistência social, controle do Estado, controle da mídia… (Wellington Pedro/Imprensa MG)
Há quem diga que Andrea (um ano e 23 dias mais velha que Aécio) é a verdadeira herdeira da malícia de Tancredo. Quando Aécio ainda pegava onda no Rio e jamais se imaginava defendendo uma causa política, Andrea era uma ardorosa militante de esquerda, sustentando o título de fundadora do PT fluminense. Sua vocação para a História se revelou no dia 30 de abril de 1981, quando, prestes a entrar no show em comemoração ao Dia do Trabalhador, no Riocentro, Andrea foi abordada por um sujeito banhado em sangue, com a barriga aberta, segurando as vísceras, suplicando para que o levassem a um hospital. Era o capitão do serviço secreto do Exército Luís Chaves Machado, um dos autores do frustrado atentado do Riocentro. (Andrea o salvou.)
Obsessiva, geniosa e dona de uma inteligência rara, Andrea é uma mulher alta e corpulenta, de semblante tenso e perturbador. Avessa ao flash dos fotógrafos e à badalação, ela trabalha em proveito do sucesso de Aécio desde a hora em que levanta até a hora de dormir (costuma disparar ordens, por e-mail, depois da meia-noite). Sua mesa de trabalho, com pilhas de papel de boa altura, parece uma instalação contemporânea. Não raro, participa de duas ou mesmo três reuniões simultâneas, entrando e saindo de salas onde todos estão à espera de suas ordens. Como não admite erros, sua equipe trabalha em permanente estado de tensão.
No final de março passado, quando deixou o governo de Minas para disputar o Senado, Aécio foi a estrela de uma festa na praça da Liberdade, com crianças soltando balões coloridos no ar, desfile de globais (Luciano Huck, Maitê Proença, Christiane Torloni…) e corais cantando Ó Minas Gerais e Está chegando a hora. Da coxia, Andrea controlava tudo pelo celular.
Os adversários invejam sua capacidade de trabalho e a temem; os aliados se jactam por tê-la a seu lado e também a temem. Os jornalistas apenas a temem.
Nos quase oito anos em que coordenou o esquema de comunicação do governo do irmão, Andrea blindou Aécio na imprensa. Ela monitora com o mesmo rigor uma revista de circulação nacional e um jornalzinho do interior. Para que Aécio aparecesse bem na fita, Andrea chegou ao limite de tentar controlar até torcida em estádio, literalmente. Foi o que aconteceu em 2005, nas comemorações dos 40 anos do Mineirão, quando o então governador de Minas decidiu jogar uma preliminar do clássico Atlético x Cruzeiro. Nas vésperas da partida, Andrea orientou sua assessoria a fazer uma discreta reunião com a torcida organizada do Atlético para solicitar que Aécio, cruzeirense empedernido, não fosse vaiado. Não adiantou.
Fica então um aviso para os que, vindo na direção contrária à de Aécio Neves, pretendem vaiá-lo. Preparem-se. Atrás dele, vem Andrea.
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