Supremo libera áudios que escandalizaram o país
Supremo Tribunal Federal homologa delação de Funaro, Polícia Federal detém Nuzman e apreende uma montanha de dinheiro na Bahia. Grampos envolvendo ex-ministro, ex-presidente e ministros do STF chocam o Brasil.
Por Nocaute em 05 de setembro às 20h51A operação Lava Jato produziu uma terça-feira negra na política brasileira. O dia começou mal para Carlos Artur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, apanhado pela Federal do Rio durante a operação Unfair Play (desdobramento da Lava Jato), acusado de envolvimento em corrupção no processo de escolha do Rio de Janeiro para sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
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Carlos Arthur Nuzman chega à sede da Polícia Federal para prestar depoimento. Imagem: Luciano Belford
Horas mais tarde a Polícia Federal da Bahia anunciou ter descoberto um apartamento-bunker em Salvador onde foram encontradas várias malas entupidas de dinheiro. Segundo suspeita a polícia, a ponta do novelo da dinheirama bate no ex-ministro de Temer, Geddel Vieira Lima, em prisão domiciliar desde o mês de julho.
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Por volta do meio-dia, áudios de grampos entregues pelos advogados da JBS à Procuradoria-Geral da República foram vazados – menos de um dia após Rodrigo Janot anunciar que o acordo de delação premiada da empresa pode ser anulado. O procurador entendeu que pode ter havido omissão de informações nas negociações das delações.
Segundo a Revista Veja, os delatores Joesley Batista e Ricardo Saud dizem no áudio que uma pessoa chamada Marcelo – que seria o ex-procurador Marcelo Miller – iria ajudar na aproximação com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Conforme a revista, eles também falam que uma integrante da equipe de advogados da empresa estaria preocupada com a possibilidade de a delação atingir ministros do Supremo Tribunal Federal.
Na gravação, Joesley diz: “Ele [Marcelo] já contou para o Janot que a gente tem muito mais para contar. Marcelo é do MPF. Ele tem linha direta com o Janot e com outros de lá. Nós somos a joia da coroa deles. O Marcelo já descobriu e falou para o Janot: ‘Janot, nós já temos o pessoal que vai dar todas as provas que precisamos’. A Fernanda [Fernanda Tórtima, segundo a Revista Veja, advogada que defende a JBS] surtou [com a possibilidade de a delação atingir o STF]. Surtou por quê? Porque entendeu que somos muito mais e podemos muito mais. E aí até a Fernanda perdeu o controle. Ela falou: ‘Nossa senhora, peraí, calma, o Supremo não, peraí, calma, vai f* meus amigos”, disse Joesley, conforme informações divulgadas pela revista.
Nos áudios, Joesley e Saud também insinuam a existência de orgias entre a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e a presidente do STF, Carmen Lúcia. Na conversa, os executivos falam que tinham o objetivo de encontrar o ministro para conseguir informações sobre magistrados do STF.
O conteúdo das gravações levou Janot a abrir uma investigação para avaliar a omissão de informações nas negociações das delações de executivos da JBS. Se comprovada a omissão, os benefícios concedidos aos delatores poderão ser anulados, conforme o procurador. A possibilidade de revisão ocorre diante das suspeitas dos investigadores do Ministério Público Federal (MPF) de que o empresário Joesley Batista e outros delatores esconderam informações da Procuradoria-Geral da República.
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As malas de dinheiro de Salvador foram apreendidas durante a operação Tesouro Perdido, autorizada pela 10ª Vara Federal de Brasília. Foram recolhidas ao menos nove malas e oito caixas lotadas de notas de 100 e 50 reais. O valor ainda não foi completamente contabilizado pelos policiais. Até o fechamento desta reportagem já haviam sido contados 22 milhões em notas de cem e cinquenta reais. A montanha de dinheiro teria enchido ao menos dois porta-malas de caminhonetes.
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Foto: Divulgação
Filiado ao PMDB, Geddel é um dos principais aliados do presidente Michel Temer, de quem foi ministro. Durante o governo Lula, Geddel foi ministro da Integração Nacional e, na gestão Dilma Rousseff, foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal.
A Justiça Federal em Brasília aceitou, no final de agosto, denúncia da Procuradoria da República no Distrito Federal e transformou em réu o ex-ministro Geddel Vieira Lima por obstrução de justiça. Ele teria atuado para evitar a delação premiada do corretor Lúcio Funaro, que poderia implicá-lo em desvios no FI-FGTS, o fundo de investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
Já Nuzman foi levado para a sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira para prestar esclarecimentos. Ele deixou a sede da PF às 15h30 e se reservou ao direito de não falar durante o interrogatório.
O presidente do COB teve apreendidos dois carros e R$ 480 mil. Nuzman é apontado por procuradores do Ministério Público Federal como elo entre Arthur Cesar de Menezes e o senegalês Lamine Diack na compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Também há um mandado de prisão preventiva contra Arthur Soares Filho, que vive em Miami e pode ser preso lá. O empresário já é considerado foragido e está na lista de procurados da Interpol. O Ministério Público Federal (MPF) pediu o bloqueio de até R$ 1 bilhão do patrimônio de Carlos Artur Nuzman do empresário Arthur Soares; e de Eliane Cavalcante, sócia de Arthur Soares.
Antes que o dia chegasse ao fim, o STF anunciou que homologou a delação do doleiro Lúcio Funaro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aguardava a homologação para poder utilizar na denúncia que prepara contra o presidente Postiço, Michel Temer. Funaro está preso pela Operação Sépsis desde 1o de julho de 2016. Entre os integrantes do grupo do PMDB da Câmara ao qual o delator faz referência em seu acordo de colaboração estão os atuais ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco e os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, além, claro, do ilegítimo Temer.
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C.Poivre
05/09/2017 - 22h55
Enquanto isso os sírios comemoram a grande derrota dos terroristas financiados pelos EUA na cidade de Deir ez-Zor, que era uma espécie de capital dos agentes do terror estadunidense. O próprio responsável pela invasão da Síria por mercenários a seu soldo, os EUA, já reconheceu que o Exército Árabe Sírio venceu os invasores: