Supremo libera áudios que escandalizaram o país

Supremo Tribunal Federal homologa delação de Funaro, Polícia Federal detém Nuzman e apreende uma montanha de dinheiro na Bahia. Grampos envolvendo ex-ministro, ex-presidente e ministros do STF chocam o Brasil.

A operação Lava Jato produziu uma terça-feira negra na política brasileira. O dia começou mal para Carlos Artur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, apanhado pela Federal do Rio durante a operação Unfair Play (desdobramento da Lava Jato), acusado de envolvimento em corrupção no processo de escolha do Rio de Janeiro para sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

Carlos Arthur Nuzman chega à sede da Polícia Federal para prestar depoimento. Imagem: Luciano Belford

Horas mais tarde a Polícia Federal da Bahia anunciou ter descoberto um apartamento-bunker em Salvador onde foram encontradas várias malas entupidas de dinheiro. Segundo suspeita a polícia, a ponta do novelo da dinheirama bate no ex-ministro de Temer, Geddel Vieira Lima, em prisão domiciliar desde o mês de julho.

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Por volta do meio-dia, áudios de grampos entregues pelos advogados da JBS à Procuradoria-Geral da República foram vazados – menos de um dia após Rodrigo Janot anunciar que o acordo de delação premiada da empresa pode ser anulado. O procurador entendeu que pode ter havido omissão de informações nas negociações das delações.

Segundo a Revista Veja, os delatores Joesley Batista e Ricardo Saud dizem no áudio que uma pessoa chamada Marcelo – que seria o ex-procurador Marcelo Miller – iria ajudar na aproximação com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Conforme a revista, eles também falam que uma integrante da equipe de advogados da empresa estaria preocupada com a possibilidade de a delação atingir ministros do Supremo Tribunal Federal.

Na gravação, Joesley diz: “Ele [Marcelo] já contou para o Janot que a gente tem muito mais para contar. Marcelo é do MPF. Ele tem linha direta com o Janot e com outros de lá. Nós somos a joia da coroa deles. O Marcelo já descobriu e falou para o Janot: ‘Janot, nós já temos o pessoal que vai dar todas as provas que precisamos’. A Fernanda [Fernanda Tórtima, segundo a Revista Veja, advogada que defende a JBS] surtou [com a possibilidade de a delação atingir o STF]. Surtou por quê? Porque entendeu que somos muito mais e podemos muito mais. E aí até a Fernanda perdeu o controle. Ela falou: ‘Nossa senhora, peraí, calma, o Supremo não, peraí, calma, vai f* meus amigos”, disse Joesley, conforme informações divulgadas pela revista.

Nos áudios, Joesley e Saud também insinuam a existência de orgias entre a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e a presidente do STF, Carmen Lúcia. Na conversa, os executivos falam que tinham o objetivo de encontrar o ministro para conseguir informações sobre magistrados do STF.

O conteúdo das gravações levou Janot a abrir uma investigação para avaliar a omissão de informações nas negociações das delações de executivos da JBS. Se comprovada a omissão, os benefícios concedidos aos delatores poderão ser anulados, conforme o procurador. A possibilidade de revisão ocorre diante das suspeitas dos investigadores do Ministério Público Federal (MPF) de que o empresário Joesley Batista e outros delatores esconderam informações da Procuradoria-Geral da República.

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As malas de dinheiro de Salvador foram apreendidas durante a operação Tesouro Perdido, autorizada pela 10ª Vara Federal de Brasília. Foram recolhidas ao menos nove malas e oito caixas lotadas de notas de 100 e 50 reais. O valor ainda não foi completamente contabilizado pelos policiais. Até o fechamento desta reportagem já haviam sido contados 22 milhões em notas de cem e cinquenta reais. A montanha de dinheiro teria enchido ao menos dois porta-malas de caminhonetes.

 

Foto: Divulgação

Filiado ao PMDB, Geddel é um dos principais aliados do presidente Michel Temer, de quem foi ministro. Durante o governo Lula, Geddel foi ministro da Integração Nacional e, na gestão Dilma Rousseff, foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal.

A Justiça Federal em Brasília aceitou, no final de agosto, denúncia da Procuradoria da República no Distrito Federal e transformou em réu o ex-ministro Geddel Vieira Lima por obstrução de justiça. Ele teria atuado para evitar a delação premiada do corretor Lúcio Funaro, que poderia implicá-lo em desvios no FI-FGTS, o fundo de investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.

Já Nuzman foi levado para a sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira para prestar esclarecimentos. Ele deixou a sede da PF às 15h30 e se reservou ao direito de não falar durante o interrogatório.

O presidente do COB teve apreendidos dois carros e R$ 480 mil. Nuzman é apontado por procuradores do Ministério Público Federal como elo entre Arthur Cesar de Menezes e o senegalês Lamine Diack na compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

Também há um mandado de prisão preventiva contra Arthur Soares Filho, que vive em Miami e pode ser preso lá. O empresário já é considerado foragido e está na lista de procurados da Interpol. O Ministério Público Federal (MPF) pediu o bloqueio de até R$ 1 bilhão do patrimônio de Carlos Artur Nuzman do empresário Arthur Soares; e de Eliane Cavalcante, sócia de Arthur Soares.

Antes que o dia chegasse ao fim, o STF anunciou que homologou a delação do doleiro Lúcio Funaro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aguardava a homologação para poder utilizar na denúncia que prepara contra o presidente Postiço, Michel Temer. Funaro está preso pela Operação Sépsis desde 1o de julho de 2016. Entre os integrantes do grupo do PMDB da Câmara ao qual o delator faz referência em seu acordo de colaboração estão os atuais ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco e os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, além, claro, do ilegítimo Temer.

Um comentário

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C.Poivre

05/09/2017 - 22h55

Enquanto isso os sírios comemoram a grande derrota dos terroristas financiados pelos EUA na cidade de Deir ez-Zor, que era uma espécie de capital dos agentes do terror estadunidense. O próprio responsável pela invasão da Síria por mercenários a seu soldo, os EUA, já reconheceu que o Exército Árabe Sírio venceu os invasores:

https://youtu.be/tzHhsBk6krQ

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