Silvio Santos recusa diálogo com Zé Celso sobre o Teatro Oficina

Ao projetar o Teatro Oficina, a arquiteta, Lina Bo Bardi, previa um parque cultural público no entorno do teatro, localizado no Bexiga, região central de São Paulo. O Grupo Silvio Santos que comprou os terrenos em volta do Oficina antes de Lina concluir o projeto, ameaça construir ali um empreendimento imobiliário que, além de comprometer a vista do janelão aberto por ela em uma das paredes do edifício, acabaria com a possibilidade de construção do parque.

O jornal britânico The Guardian elegeu o Teatro Oficina como o “mais belo e intenso” do mundo.

Foto: Elito Arquitetos

No final do mês de agosto foi realizada uma reunião entre Silvio Santos, Zé Celso e o prefeito de São Paulo, João Doria. Na reunião, Silvio Santos disse ao dramaturgo que transferiria a Cracolândia para os terrenos vizinhos ao Oficina.

No início de outubro o CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), reverteu a decisão que vetava a construção do empreendimento imobiliário projetado pelo Grupo Silvio Santos. O espaço era tombado pelo órgão desde 1982. Para as torres serem construídas, ainda é preciso a autorização de outros órgãos competentes, o Conpresp e o IPHAN.

O Ministério do Planejamento ofereceu uma lista de terrenos da União para uma permuta com o empresário. Silvio Santos escolheria um lote da lista e a União passaria a ser dona do espaço em volta da Teatro Oficina. Anos atrás o apresentador havia dito que aceitaria a troca, mas agora a rejeita. Em recente entrevista a Revista Veja, Zé Celso diz que Silvio Santos ficou mesquinho: “Sou palhaço como ele. Silvio Santos é uma vedete, me inspirou. Mas não é o mesmo homem. Ficou mesquinho. Não deu o menor valor à história do teatro. Foi agressivo, raivoso. ‘Deixa de ser artista… Como vou deixar de ser artista?”, disse o dramaturgo.