Padre Julio Lancellotti denuncia ameaças de conselho comunitário
Lancellotti diz que grupo quer a sua "remoção" do bairro e o fechamento de serviços de atendimento à população de rua
Por Nocaute em 27 de julho às 18h00
Foto: Reprodução/Facebook
*Por Manuela Azenha
O padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo, afirma ter recebido ameaças por parte de integrantes do Conseg (Conselhos Comunitários de Segurança) da Mooca.
Uma das maiores referências da cidade em trabalho com população de rua, Lancellotti falou, em entrevista ao Nocaute, que membros do grupo pedem que ele seja “removido” do bairro.
“Acham que minha presença atrai moradores de rua. Nas reuniões, dizem: ‘Temos que tirar essa pessoa daqui’. Cada um interpreta isso como quiser. O pior disso tudo é que eles alimentam no imaginário das pessoas que atacar a população de rua é uma coisa boa. Uso de droga, assalto, tudo vira culpa da população de rua. Sendo que, se você levantar os boletins de ocorrência, o número de crimes cometidos por eles é quase inexistente”, disse o padre.
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Lancellotti já comunicou as ameaças à subprefeitura e à Arquidiocese de São Paulo. Sem resposta, disse que pedirá proteção para a Anistia Internacional.
Os Conseg são grupos formados por moradores do bairro e realizam reuniões mensais. A Secretaria da Segurança Pública tem como representantes, em cada Conseg, o Comandante da Polícia Militar da área e o delegado da polícia titular do distrito policial.
Lancellotti diz também que os membros do Conseg pedem o fechamento dos serviços de atendimento à população de rua na Mooca, bairro com a terceira maior incidência de pessoas dormindo em lugares públicos, depois da Sé e da República, segundo o militante.
O padre conta que sempre sofreu ofensas e xingamentos por parte da Guarda Civil Municipal e da Policia Militar. No entanto, a situação piorou com o aumento dos sem-teto nas ruas: “Além das ameaças de remoção, fazem uma campanha difamatória, injuriosa, e de tratamento opressivo. Para se vingarem de mim, atingem a população de rua”.
Procurada pelo Nocaute, a presidente do Conseg da Mooca, Wanda Herrero, nega que o conselho tenha pedido o deslocamento do padre e o fechamento dos serviços de atendimento à população de rua: “Nosso objetivo é conseguir uma política pública, de acolhimento. A gente nunca bateria de frente com o padre, cujo trabalho eu respeito. Ele faz parte de uma instituição muito maior, chamada Igreja, e tem amigos no Judiciário. Nós somos apenas um grupo comunitário”.
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Arnaldo Messias Pinto
31/07/2017 - 22h11
Deixa o padre acolher os pobres e desempregados, Deus quer que ajude os necessitados e sera salvo.
Wanda Herrero
29/07/2017 - 21h53
Prezado Carlos Valentim – sim somos apenas um conselho comunitário. É um trabalho voluntário, recebemos em nossas reuniões 85% das demandas são para a Prefeitura Regional Mooca. Por exemplo – buracos nas ruas, poda de árvores, fiscalização nos bailes “funks” que são as maiores reclamações, da empresa Trilhos, onde os frequentadores saem bêbados, rola drogas ilícitas, tem roubo de carros que estão estacionados, roubo de rodas de automóveis, bares com som alto – essa área é residencial. Solicitam se os bares estão funcionando com autorização, tem muita gente armada perto do Metrô Bresser Mooca e fazem queixas nas reuniões. Sobre moradores de rua – é triste ver eles dormindo em barraquinhas e em papelão e solicitamos dos órgãos públicos sensibilidade para políticas públicas de acordo com a Constituição Federal, Estatuto da Cidade e outras leis. É um conselho. Por gentileza – venha em nossas reuniões – a próxima será no Senai Theobaldo De Nigres, situado na Rua Bresser, 2.315, no dia 30.08.2017, às 20h. Se você tiver alguma proposta, ou um projeto vamos trabalhar em cima. Diálogos sempre é bem vindo. Vamos conferir. Abraços.
Carlos Valentin
28/07/2017 - 14h02
“Nós somos apenas um grupo comunitário”. Ah tá! Vai querer enganar o outro.