Os valentes da Veja que nos defenderam no século passado

Chico Buarque, Antonio Callado e eu, juntamente com as respectivas mulheres (Marieta, Ana e Rúbia), tínhamos sido presos ao retornar de uma viagem a Cuba

Ao fuçar as caixas repletas de papéis que estão indo para a Casa de Mariana tenho encontrado coisas muito curiosas. Como este abaixo-assinado, datado de fevereiro de 1982 (acho).

Chico Buarque, Antonio Callado e eu, juntamente com as respectivas mulheres (Marieta, Ana e Rúbia), tínhamos sido presos ao retornar de uma viagem a Cuba. Chico, Marieta, Callado e Ana foram apanhados no desembarque, no Rio, por agentes do Cenimar – Centro de Inteligência da Marinha. Rúbia e eu em Congonhas, na época o aeroporto internacional de São Paulo, pelo delegado Romeu Tuma, em pessoa, então diretor do DOPS paulista.

Encheram muito o nosso saco com interrogatórios, mas não praticaram violências físicas contra nenhum de nós. No final do dia, fomos colocados em liberdade.

Dias depois recebi uma cópia desse abaixo-assinado organizado pela redação da revista Veja, onde eu trabalhara antes, dirigido ao ministro da Justiça de Geisel, Armando Facão, protestando contra a violência de que tínhamos sido vítimas.

Como a cópia que tenho é velha e alguns nomes ficaram meio ininteligíveis, aqui vai a lista dos valentes que nos defenderam – na ordem em que se encontram no documento:

Augusto Nunes, Luiz Weis, Paulo Sotero, Roberto Pompeu de Toledo, Alexandre Machado, Carmo Chagas, Carlos Maranhão, Sergio Sade, Maria Helena Passos, Emílio K. Matsumoto, João Victor Strauss, José Paulo Kupfer, Selma Santa Cruz, Antonio Carlos Fon, José Márcio Penido, Tales Tarcísio Alvarenga, Humberto Werneck, Paulo Moreira Leite, Jorge Dias Escosteguy, Alfredo Nastari, J. A. Dias Lopes, Geraldo Hasse, Maria Ângela Ziroldo, Tânia Maria Mendes, Carmem Rita Cagno, Len Berg, Lígia de Almeida, Ricardo A. Setti e Geraldo Mayrink.

 

 

 

 

3 Comentários

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Valdir Rocha de Freitas

20/11/2017 - 22h14

Uma das coisas que eu admiro nas pessoas é o caráter, a personalidade forte e corajosa, o companheirismo, a lealdade (tipo um por todos e todos por um). Infelizmente na época da ditadura e até hoje ainda existem os dedos-duros, os traíras, covardes….

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Nilda Fiege

01/06/2017 - 20h23

Quanta ironia: alguns desses “valentes defensores”, na Veja do século atual, mandariam trucidá-los…

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Companheiro marcos

01/06/2017 - 19h39

Augusto Nunes! Bom, o companheiro Mateus virou aloysio… não é o primeiro caso.

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