O Coral dos Babuínos

O coral dos babuínos tem récitas diárias nos telejornais, nos programas policiais e nas rádios. Garganteia nos parlamentos, nos púlpitos, nas tribunas. Vocifera pela boca dos agentes da lei.

 

A notícia mais relevante para a comunicação, nos últimos dias, vem da ciência.

 

Pesquisadores franceses, do Centro Nacional de Pesquisa Científica, estudaram os babuínos e descobriram que esses macacos, que possuem língua e laringe, produzem sons equivalentes às cinco vogais: a, e, i, o, u.

 

A descoberta sugere que a fala humana tem uma história evolutiva muito mais longa do que se imaginava.

 

Ela pode remontar a 25 milhões de anos atrás, em vez dos 70 a 100 mil anos que se estimava até agora.

 

Mas isso não significa necessariamente que os babuínos sejam capazes de falar, alertam os cientistas.

 

Faltaria a eles a consciência humana, a compreensão da ampla gama de significados complexos que estão contidos na linguagem.

 

Bem, os cientistas fazem essa ressalva porque, com certeza, não conhecem o Brasil.

 

Ignoram o estado simiesco a que as vozes públicas foram reduzidas neste país, tanto aquelas das autoridades constituídas como as de seus divulgadores, intérpretes e analistas na mídia.

 

O coral dos babuínos cada vez aumenta mais. Estridente e uníssono, ele encanta as almas mais toscas, com os seus grunhidos contra os direitos humanos, os direitos sociais, as liberdades públicas e a vida democrática.

 

Ele se afina com tudo que signifique negatividade, reação e retrocesso. Desafina de tudo que represente conquista de cidadania, modernidade e avanço mental.

 

O coral dos babuínos tem récitas diárias nos telejornais, nos programas policiais e nas rádios. Garganteia nos parlamentos, nos púlpitos, nas tribunas. Vocifera pela boca dos agentes da lei.

 

Talvez os estudiosos franceses devam transferir para este país tropical o seu campo de pesquisas.

 

Sem muito esforço, vão identificar o elo perdido entre os símios desprovidos da razão e da fala, e os humanos conscientes, dotados de plena capacidade de análise e de expressão em boa linguagem.

 

Isso não servirá para ensinar os verdadeiros babuínos a falar, o que teria interesse muito discutível.

 

Mas talvez desperte alguns babuínos pelados de Pindorama para o estágio constrangedor a que estão levando o país, na escala involutiva da civilização à barbárie.

 

 

(Ver http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/01/1849046-babuinos-fazem-sons-semelhantes-as-vogais-a-e-i-o-u-diz-estudo.shtml)

 

2 Comentários

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RUBENS PAULO POSSAPP FILHO

27/03/2017 - 16h15

perfeito …..

parabéns…

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Pedro Aurelio Zabaleta

21/01/2017 - 03h49

“O coral dos babuínos”.
Irretocável !
Valeu.
Abç

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