O Coral dos Babuínos
O coral dos babuínos tem récitas diárias nos telejornais, nos programas policiais e nas rádios. Garganteia nos parlamentos, nos púlpitos, nas tribunas. Vocifera pela boca dos agentes da lei.
Por Gabriel Priolli em 19 de Janeiro às 12h41
A notícia mais relevante para a comunicação, nos últimos dias, vem da ciência.
Pesquisadores franceses, do Centro Nacional de Pesquisa Científica, estudaram os babuínos e descobriram que esses macacos, que possuem língua e laringe, produzem sons equivalentes às cinco vogais: a, e, i, o, u.
A descoberta sugere que a fala humana tem uma história evolutiva muito mais longa do que se imaginava.
Ela pode remontar a 25 milhões de anos atrás, em vez dos 70 a 100 mil anos que se estimava até agora.
Mas isso não significa necessariamente que os babuínos sejam capazes de falar, alertam os cientistas.
Faltaria a eles a consciência humana, a compreensão da ampla gama de significados complexos que estão contidos na linguagem.
Bem, os cientistas fazem essa ressalva porque, com certeza, não conhecem o Brasil.
Ignoram o estado simiesco a que as vozes públicas foram reduzidas neste país, tanto aquelas das autoridades constituídas como as de seus divulgadores, intérpretes e analistas na mídia.
O coral dos babuínos cada vez aumenta mais. Estridente e uníssono, ele encanta as almas mais toscas, com os seus grunhidos contra os direitos humanos, os direitos sociais, as liberdades públicas e a vida democrática.
Ele se afina com tudo que signifique negatividade, reação e retrocesso. Desafina de tudo que represente conquista de cidadania, modernidade e avanço mental.
O coral dos babuínos tem récitas diárias nos telejornais, nos programas policiais e nas rádios. Garganteia nos parlamentos, nos púlpitos, nas tribunas. Vocifera pela boca dos agentes da lei.
Talvez os estudiosos franceses devam transferir para este país tropical o seu campo de pesquisas.
Sem muito esforço, vão identificar o elo perdido entre os símios desprovidos da razão e da fala, e os humanos conscientes, dotados de plena capacidade de análise e de expressão em boa linguagem.
Isso não servirá para ensinar os verdadeiros babuínos a falar, o que teria interesse muito discutível.
Mas talvez desperte alguns babuínos pelados de Pindorama para o estágio constrangedor a que estão levando o país, na escala involutiva da civilização à barbárie.
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RUBENS PAULO POSSAPP FILHO
27/03/2017 - 16h15
perfeito …..
parabéns…
Pedro Aurelio Zabaleta
21/01/2017 - 03h49
“O coral dos babuínos”.
Irretocável !
Valeu.
Abç