Quatro ministros do STF são citados nas gravações da JBS
Gravação de conversa entre Wesley Batista e Ricardo Saud "traz menções comprometedoras a quatro ministros do Supremo Tribunal Federal". Em entrevista coletiva convocada em cima da hora, em Brasília, o procurador geral da República, Rodrigo Janot informou que pode anular a delação premiada dos donos da JBS.
Por Nocaute em 04 de setembro às 20h06(Atualizado às 22:40)
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse hoje, segunda-feira (04), que abriu investigação para avaliar a omissão de informações nas negociações das delações de executivos da JBS. Caso comprovada a omissão, o acordo poderá ser anulado, disse o procurador.
“Determinei hoje [segunda] a abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações sobre práticas de crime no processo de negociação para assinatura do acordo de delação no caso JBS. Áudios com conteúdo grave, eu diria gravíssimo, foram obtidos pelo Ministério Público Federal na semana passada, precisamente, na quinta-feira, às 19h. A análise de tal gravação revelou diálogo entre dois colaboradores com referências indevidas à PGR e ao STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou Janot na entrevista concedida no auditório da PGR, em Brasília.
Janot não informou quais foram os ilícitos revelados nos áudios, mas disse que seu ex-colega, o ex-procurador geral da República Marcelo Miller está envolvido nos atos.
Segundo a revista Veja a gravação de quatro horas que poderá levar à anulação da delação premiada dos executivos da JBS traz menções comprometedoras a quatro ministros do Supremo Tribunal Federal.
Fontes com acesso ao áudio revelaram que os ministros são citados pelos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud em situações que denotam “diferentes níveis de gravidade”.
Algumas são consideradas até banais, mas “ruins” para a imagem dos ministros. Mas uma delas, em especial, se destaca por enredar um dos onze ministros da corte em um episódio que parece “mais comprometedor”.
A expectativa é de que o Supremo torne a gravação pública nesta terça-feira.
O áudio indica que ambos estavam sob efeito de álcool durante a conversa – o que, de acordo com autoridades que trabalham no caso, não elimina a necessidade de investigação sobre o teor do diálogo.
O procurador geral, Rodrigo Janot afirmou que se a investigação confirmar que os delatores omitiram fatos importantes ao assinarem o acordo, a delação será invalidada e os benefícios cedidos a Joesley e Wesley Batista serão cancelados. “Se ficar provada qualquer ilicitude, o acordo de colaboração premiada poderá ser rescindido. Poderá chegar à rescisão”, afirmou Janot.
Mesmo que seja revista a delação, as provas já entregues pelos executivos da JBS continuarão valendo. “A eventual rescisão do acordo não invalida as provas até então oferecidas. Conforme a lei que disciplina a delação premiada, se a culpa do colaborador ensejar a rescisão do acordo, ele perde todos ou alguns dos benefícios, e o Esstado aproveita todas, todas as provas apresentadas pelos colaboradores”, disse o PGR.
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