Itamaraty sai em defesa de Temer, o “legítimo”
Embaixador responde carta publicada no Guardian que pede eleições diretas no Brasil: "Apesar de não ter mandato, o governo reverteu programas sociais que tiraram 40 milhões de pessoas da pobreza.
Por Nocaute em 04 de setembro às 11h16Para intelectuais britânicos, Michel Temer é presidente ilegítimo do Brasil e é necessário convocar eleições diretas o quanto antes. Em carta publicada no jornal The Guardian, argumentam que é grave não somente o fato de o vice não ter sido eleito, como também por implementar um projeto político rejeitado nas urnas.
O embaixador do Brasil no Reino Unido, Eduardo dos Santos, saiu em defesa do governo, respondendo que Temer e Dilma Rousseff foram eleitos juntos em 2014 e que, após o processo de impeachment, o vice assumiu o poder.
“Apesar de não ter mandato, o governo reverteu programas sociais que tiraram 40 milhões de pessoas da pobreza. Suas políticas mergulharam a economia em uma crise mais profunda, deterioraram serviços públicos, como a saúde, e prejudicaram o padrão de vida de milhões de pobres e trabalhadores”, consta na carta, chamada “Brazilian citizens deserve elections now” (Cidadãos brasileiros merecem eleições já).
Segundo o embaixador, afirmar que o governo é ilegítimo não só é inverdade como também revela um desconhecimento do sistema político brasileiro.
“Seguindo as regras da lei, nossas instituições democráticas e republicanas provaram mais uma vez sua resiliência diante de uma crise muito séria”, escreve. Ele ainda acrescenta que “também não é correto afirmar que Temer está reduzindo os programas sociais”. “Ao contrário, seu governo está colocando o País de volta nos trilhos depois de uma tremenda crise fiscal, econômica e social criada nos anos anteriores”.
A carta publicada no Guardian é assinada pelo historiador Richard Gott, pelo produtor musical Brian Eno, por parlamentares, entre outros nomes.
Eduardo dos Santos ingressou na carreira diplomática em 1975. Já foi Embaixador do Brasil no Paraguai, de 2008 a 2012; Suíça, de 2006 a 2008; e no Uruguai, de 2002 a 2006.
Também serviu nas Embaixadas do Brasil em Londres, nos períodos de 1994 a 1999 e de 1989 a 1992; em Buenos Aires, de 1979 a 1984, e em Moscou, de 1977 a 1979.
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José Eduardo Garcia de Souza
04/09/2017 - 18h35
Quer dizer que Dilma e Temer só assumiram os seus cargos depois de um “programa” ter sido eleito, certo? Não me lembro de ter visto o tal “programa” nem nos materiais de campanha e nem na urna eletrônica – estavam lá os retratinhos de Dilma e Temer. Se se lembrmos do tal “programa”, vale mencionar Dilma assegurou que não haveria cortes na educação e na saúde e nem aumento na eletricidade e, depois, foi o que se viu. Mas isto deve ter sido culpa do tal “programa”, certo? Não de Dilma e certramente não de Temer, certo?
José Eduardo Garcia de Souza
04/09/2017 - 16h10
Sejamos francos: a carta que o The Guardian publicou tão alegremente é realmente uma piada. Dizer que Temer não tem mandato é, então, ou aceitar que Dilma não o teve ou, ainda e pior, que a chapa Dilma-Temer deveria ter sido cassada pelo TSE. A constituição brasileira é clara: o/a vice-presidente é eleito na mesma chapa e com os mesmos votos do/a presidente. Portanto, não somente o ponto fulcral da carta é balela como todo o resto também. E esperar que o embaixador do Brasil no Reino Unido não a respondesse – nem que fosse para apontar aos tais intelectuais, produtores de música e membros do parlamento as falhas gritantes dos seus dados e argumentação – seria, no mínimo, aberrante.
Cesar Ribeiro
04/09/2017 - 17h27
Não foi a chapa Dilma / Temer que foi eleita, o que foi eleito foi um programa de governo, totalmente diferente do que está se aplicando agora, sem contar que Temer conspirou pra derrubar Dilma e a constituição não ampara golpes parlamentares. Pelo jeito a galera lá de fora nos conhece mais que os próprios silvícolas…