Guarani Kaiowá denunciam ameaças e contaminação com agrotóxico
Segunda maior população indígena do país, os Guarani Kaiowá vão à Câmara e falam em genocídio e ameaças de paramilitares
Por Nocaute em 21 de junho às 15h12Jovens indígenas entregaram na quarta-feira (21/6) à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados um manifesto para denunciar de violações de direitos sofridas pelos Guarani Kaiowá.
A etnia se concentra principalmente na área da fronteira do estado de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e representa a segunda maior população indígena do país.
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Lideranças Guarani Kaiowá participam de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O líder Guarani Kaiowá Eliseu Lopes disse que a delegação da juventude foi a Brasília para falar de dificuldades enfrentadas por crianças e jovens de diversas aldeias da etnia.
“Estamos buscando os direitos das crianças e adolescentes. Eles vivem debaixo de lona, bebem água suja, contaminada por agrotóxico, e sofrem ameaças de paramilitares. As crianças também são os que mais sofrem atropelamentos no Mato Grosso do Sul, porque são expulsas da terra”.
O grupo de jovens faz parte do Projeto Direitos e Cidadania de Crianças e Adolescentes, que atende, desde 2014, 300 jovens em cinco comunidades indígenas do Mato Grosso do Sul. O objetivo do projeto é promover a participação política de crianças e adolescentes indígenas.
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Uma das principais reivindicações é a melhoria da assistência médica e o fim da violência e mortes causadas por conflitos pela terra.
“Estamos sendo muito massacrados, violentados, nossos direitos, garantidos em 1988, não estão sendo cumpridos. O genocídio tem sido frequente. Não utilizamos a terra como mercadoria, a terra é nossa mãe, onde a gente cultiva. Sem a terra não tem educação, não tem saúde, sem terra não há vida”, afirmou o jovem Guarani Kaiowá Jânio Rocha.
A militante Gionara Gomes acrescentou que é comum o desaparecimento de corpos, invasão de aldeias por pistoleiros, e reclamou que a aliança entre os fazendeiros e as autoridades locais levam à impunidade dos agressores. “Não é fácil viver numa área retomada, porque você não dorme direito, as crianças têm medo, porque toda hora tem tiro em cima. Isso não é vida pra gente” afirmou.
Os parlamentares da comissão subscreveram o documento e afirmaram que vão encaminhar as denúncias para as autoridades competentes. Houve também o pedido para inclusão das lideranças indígenas no programa de proteção de defensores de direitos humanos.
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Maria do Carmo Barboza Lima de Faria Correa
16/09/2017 - 08h07
Bravo povo que não se deixa escravizar. Cresci escutando que os indígenas não foram escolhidos para serem escravizados, por serem preguiçosos. Hoje sei que a verdade histórica é outra. Eles lutam por seus direitos e estão dispostos a morrer pela justiça.