GABRIEL PRIOLLI: TV PÚBLICA EM TELEVISOR PÚBLICO

Mas, se essas emissoras cobram do Estado para veicular as suas mensagens publicitárias, por que o Estado deve dar de graça a elas a audiência nos prédios públicos?

 

TV PÚBLICA EM TELEVISOR PÚBLICO

Por Gabriel Priolli

A vereadora Sofia Cavedon, do PT de Porto Alegre, decidiu acabar com um antigo privilégio das emissoras comerciais de televisão. Ela apresentou um projeto de lei que obriga os órgãos públicos a sintonizarem seus receptores de TV em emissoras públicas, canais comunitários ou estações educativas.
A obrigação vale para todas as repartições e bancos públicos, as unidades de saúde e assistência social, as escolas municipais e instituições conveniadas com a prefeitura. A ideia é oferecer conteúdo de qualidade ao público, livre de violência, baixaria, apelos sexuais, opiniões tendenciosas e mensagens comerciais.
Obviamente, a mídia privada reclama, com a acusação de sempre. Diz que a vereadora quer censurar as emissoras comerciais.
Mas, se essas emissoras cobram do Estado para veicular as suas mensagens publicitárias, por que o Estado deve dar de graça a elas a audiência nos prédios públicos?
Apenas na forma de reembolso, pelo tempo cedido aos partidos políticos para a sua propaganda, as emissoras de TV brasileira receberam 3 bilhões e 572 milhões do governo federal, entre 2002 e 2013. Um faturamento médio de 297 milhões de reais por ano, somente com propaganda partidária.
E as emissoras também cobram pela publicidade dos ministérios, dos governos estaduais, das prefeituras e de todas as empresas públicas, de qualquer nível de governo. Recebem uma bolada incalculável de dinheiro público e sequer cumprem as exigências legais de qualidade e diversidade na programação.
A vereadora Cavedon levantou a lebre e está certíssima. O Estado deve colocar os seus televisores a serviço da população, e não dos interesses da mídia privada. As emissoras públicas precisam de audiência e reconhecimento, e os prédios públicos são um espaço legítimo para obterem isso.
Se for o caso de conceder o uso dos televisores públicos também às emissoras comerciais, então que haja licitação pública. Quem vencer, fica autorizado – e paga pela concessão.
Chega de cortesia para a mídia privada com o chapéu do contribuinte. Em televisor público, o dial é nosso – e está na hora de sintonizá-lo melhor.
3 Comentários

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Vera Sueli Urbine Miranda

08/11/2016 - 04h50

Aqui em Ribeirão Preto é infernal, fora tudo isso, em restaurantes, bares, pizzarias, sorveterias, e o povo gosta, nem sabe que há coisas melhores para se ver.

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Artur Melo

06/11/2016 - 08h08

Concordo plenamente. Uma programação de boa qualidade deve ser colocada para o população. Chega de cortesia para as emissoras privadas.

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Paulo SD

05/11/2016 - 21h34

Concordo com o autor. Sempre que circulo por ambientes públicos com televisão ligada lembro do Grande Irmão. Os canais dos grandes grupos de mídia fazendo lavagem cerebral na população mais vulnerável.

Acho que deveríamos fazer com a TV o mesmo que fizemos com o cigarro. Banir de ambientes públicos. Quem quiser ver TV, que veja em ambientes privados.

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