Gabriel Priolli: quem vai sair do vermelho é a grande imprensa.
Com o novo governo, até agora só as contas da grande imprensa é que estão saindo do vermelho.
Por Nocaute em 10 de outubro às 14h30
O novo governo instituído no país é um governo de avanços, vamos convir.
Avança não apenas sobre o Pré-Sal, os direitos sociais e as aposentadorias, mas também na propaganda oficial.
É só olhar o retrospecto.
Primeiro, para tomar impulso, o governo recuou até o Século XIX. Tomou emprestado o lema dos positivistas que proclamaram a República e tascou “Ordem e Progresso” como lema da gestão.
Depois, concebeu o inspiradíssimo slogan “Bora Temer”, para se contrapor ao popular “Fora Temer” – e só deixou disso quando alguém alertou o óbvio, que ele dava mais recall ao Fora do que estimulava o Bora.
A ideia genial seguinte foi a de enfrentar o “Fora Temer” com um contundente “Fora Ladrão”, mas, com meio governo investigado pela Lava-Jato, devem ter surgido dúvidas sobre a quem mesmo o slogan se referia.
Agora, a inspiração publicitária do governo dá um salto espetacular e atinge a Década de 50, quando o macartismo, nos Estados Unidos, se implantou como política de perseguição à esquerda.
A campanha “Vamos Tirar o Brasil do Vermelho”, no seu transparente duplo sentido, pretende pendurar a crise econômica atual exclusivamente na conta do PT, e sugere que seria bom acabar com os dois, a crise e o PT.
É um tanto contraditório que o governo da “pacificação nacional” enverede por esse tosco macartismo tropical e pretenda unir os brasileiros excluindo os petistas do grande abraço da conciliação.
Mas a grande mídia não está nem aí. Não critica com rigor essa partidarização inaceitável da publicidade governista. Chove publicidade oficial para ela e a nova campanha só aumenta a enxurrada de dinheiro.
O blogueiro Miguel do Rosário estudou as verbas publicitárias do governo federal nos últimos dois anos. Apenas da administração direta, sem envolver as estatais.
E o que revelou o estudo, no blog Cafezinho?
A Editora Globo, que publica Época, teve um aumento de 586% em publicidade estatal, de 2015 para 16.
Na Infoglobo, que reúne os jornais O Globo, Extra, Expresso e a Agência Globo, o aumento foi de 119%
Na Folha, foi mais modesto, de apenas 20%. Bem acima da inflação do período.
Mas quem arrebentou mesmo foi a Revista Caras. O aumento da verba publicitária federal, no seu caso, atingiu nada menos que… 2.472% !!!!
O derrame de publicidade é intenso nos veículos da velha mídia, mas não nos blogs e sites da esquerda, que estão na secura total.
Se o governo de fato vai, de fato, tirar as contas públicas do vermelho, vamos ver.
Se conseguirá erradicar o partido vermelho da política do Brasil, também é duvidoso.
Mas que a imprensa aliada vai sair do vermelho este ano, com a torneira da bondade aberta no Palácio do Planalto, parece certo.
Se é que irrigar a horta de alguns e secar a de outros pode ser algo certo, no planejamento de mídia de um governo democrático…
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Pedro Cuenca
17/10/2016 - 12h38
Olá,
Claro que não vão publicar, pois vejo que somente comentários favoráveis (de joelhos) tem vez nesse blog bolivariano, tal qual ocorre nas ditaduras da Coréia do Norte, Venezuela, Cuba etc.
Vai aqui uma única questão (e dizem que perguntar não ofende): Afinal, ainda há verba do petrolão, BNDES, Caixa para blogs como este?
Luiz Alves - Bahia
12/10/2016 - 04h47
Gabriel, excelente comentário. Tou replicando para todos que conheço assistirem. Você não têm o comentário só em áudio, não? Seria ótimo que tivesse só o áudio para algumas rádios veicularem. Seria interessante pensar nisso, pois diariamente 98% das rádios da Bahia veiculam comentários de Alexandre Garcia da “Rede Esgoto”, com viés totalmente ao contrário do que você expõe. Seria uma forma de indicarmos às rádios um ponto de vista diferente… Algumas poderiam abraçar, principalmente nestes tempos turvos, teriam uma visão diferente da governista.
Ana Roxo
11/10/2016 - 11h26
Perfeito.