Gabriel Priolli: espinho de rosas na garganta dos coronéis

Eliminar a relação promíscua de políticos com a mídia eletrônica é essencial para equilibrar a democracia no Brasil. O rádio e a TV devem estar abertos a todas as correntes políticas e seus representantes, não apenas aos políticos amigos, como acontece hoje.

 

ESPINHO DE ROSA NA GARGANTA DOS CORONÉIS

 

Por Gabriel Priolli

 

O coronelismo eletrônico já não tem o mesmo poder no Brasil.

Mesmo com o governo federal e as grandes redes de TV e rádio do país a seu lado, não consegue se livrar do assédio judicial, que está infernizando a sua vida.

 

Há um mês, esta coluna informou que estava em mãos da ministra Rosa Weber, do STF, uma ação importante movida pela Advocacia-Geral da União.

 

A AGU pedia que o tribunal declarasse inconstitucionais as decisões judiciais que vêm impedindo a outorga ou a renovação de concessões de rádio e TV, para parlamentares que detém mandatos eletivos.

 

O Ministério Público Federal tem ajuizado ações nesse sentido em diversos locais do país, baseado nos artigos 54 e 55 da Constituição.

 

O artigo 54 diz que deputados e senadores não podem ser proprietários, controladores, nem diretores de empresas concessionárias de serviço público  – como são as rádios e as TVs. Também não podem firmar nem manter qualquer tipo de contrato com elas.

 

Já o artigo 55 define que os parlamentares que infringirem essa perderão o mandato.

 

Dos 594 membros do Congresso Nacional, 40 estão ameaçados: 8 senadores e 32 deputados.

Com os mais diversos artifícios, todos eles são donos ou controladores de emissoras de rádio ou TV, e alguns já tiveram problemas com as suas concessões.

 

Por isso, pediram ajuda ao Indesejado do Planalto, para “conter a sangria”  do MPF em seu negócio ilegal, muito rentável eleitoralmente.

 

Pois bem: na semana passada, a ministra Rosa Weber negou a liminar pedida pela AGU. Não viu nada nas ações do MPF que justificasse suspendê-las.

 

A decisão da ministra não encerra o caso. O mérito ainda será julgado pelo plenário do Supremo e não há previsão de quando isso ocorrerá.

 

Mas a derrota política dos coronéis eletrônicos já é considerável. A posição de Rosa Weber sinaliza que eles não terão vida fácil no julgamento final.

 

Eliminar a relação promíscua de políticos com a mídia eletrônica é essencial para equilibrar a democracia no Brasil.

 

O rádio e a TV devem estar abertos a todas as correntes políticas e seus representantes, não apenas aos políticos amigos, como acontece hoje.

 

Não custa sonhar que mesmo este Supremo, campeão em esquiva e omissão, ponha um ponto final nessa farra.

 

 

3 Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do NOCAUTE. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie. Leia o nosso termo de uso.

Zé francisco

12/12/2016 - 12h25

A omissão constitucional do STF em relação ao impeachment atendeu aos interesses dos donos do Poder: a famiglia Marinho. Desta feita, torna-se ilógico o mesmo STF atacar a parte nevrálgica do seu senhor. Não será o STF, por meio de ações do MPF, que democratizará os meios de comunicação, esta luta é bem maior e exige mobilização social e política qualificadas.

Responder

Ana Fadigas

09/12/2016 - 17h31

A Esperança em nosso Judiciário Maior está morrendo à míngua! Mas torço muito para que algum sinal de carácter nos brinde com isso.

Responder

Luiz Machado

09/12/2016 - 16h18

Vemos pelo país afora vários políticos que são donos de estações de radio ou canais de televisão, e que trabalham diretamente para eles e seus interesses, está visão da ministra Rosa Weber e bem critica e realista enquanto ela não permite esse mau caratismo comum em nossos políticos, que só atuam em beneficio próprio, coisa de mal brasileiro isso tem que acabar!

Responder

Deixe uma resposta

Recomendadas