Eric Nepomuceno: Sérgio Cabral roubou como quem respira

Há vários dias Sérgio Cabral dorme na parte de baixo de um beliche de uma cela do Complexo Penitenciário Bangu 8, aqui no Rio de Janeiro. Que, aliás, ele mandou reformar quando era governador. Como todo mundo sabe, num beliche, a cama de baixo, onde ele dorme, é a classe executiva. A classe econômica é a cama de cima.

Sérgio Cabral roubou como quem respira. E todo mundo no Rio sabe disso há muitos e muitos e muitos anos. Então, a primeira pergunta: por que prender Serginho Cabral só agora?

Outro que andou dormindo em cela de cadeia, agora dorme em casa, mas em prisão domiciliar, é outro ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. Também ele um bandoleiro notório conhecido. E aí cabe a segunda e mesma pergunta: por que só agora?

Serginho Cabral é do mesmo PMDB de Michel Temer, o Usurpador, o Ilegítimo. Ele, mesmo afastado, mesmo numa espécie de semiclandestinidade, (uma vez que foi escorraçado pela opinião pública) continuava reinando nos bastidores.

Garotinho, não, ele é mais visível. Ele reina às claras.

Os juristas põem em dúvida o embasamento jurídico e legal para essas prisões. Afinal, Sérgio Moro, aquele juiz de província messiânico que brilha na frente da Operação Lava Jato, costuma fazer isso. Ele primeiro manda prender, depois vai julgar. Quer dizer, é um caso claro em que se condena antes do julgamento, se prende antes do julgamento.

O argumento de destruir provas e impedir a justiça é frágil. Sérgio Cabral rouba há anos, há anos. Se tivesse que destruir provas já teria destruído. Agora, um camarada que tem 20 ternos que variam entre 15 mil e 100 mil reais em casa não vai destruir provas, teria destruído os ternos, por exemplo.

Será que a Operação Lava Jato escapou do controle?

Será que a Operação Lava Jato vai avançar de verdade?

Será que a Operação Lava Jato reservou alguma gaiola para algum tucano?