Cria corvos, e eles te comerão os olhos. Por Gabriel Priolli
Gabriel Priolli mostra como os governos do PT alimentaram a mídia que hoje quer banir o partido da vida pública brasileira.
Por Nocaute em 03 de outubro às 12h03O governo fechou a torneira da publicidade estatal para a mídia progressista. Desde julho, os 13 maiores blogs e sites da esquerda não recebem um centavo em anúncios.
Em maio, o presidente indevido disse que “o dinheiro destinado à publicidade não deve financiar opinião, mas sim produtos jornalísticos de interesse público”.
A opinião é um produto jornalístico como a informação, e sempre foi de todo interesse público.
Assim como é dever do Estado fazer com que a sua publicidade chegue a todos os brasileiros, gostem eles de jornalões e telejornais, ou gostem de blogs.
O que acontece é que o novo regime não deseja mais financiar a opinião de uma parte da imprensa, aquela da qual ele discorda.
Pois a outra parte, com a qual ele concorda – até porque ela ajudou muito a colocá-lo onde está -, não teve nenhuma verba cortada.
Sabe quanto o Governo Dilma gastava anualmente com os 13 blogs? 5 milhões. Sabe quanto ganhou apenas a TV Globo, em média, a cada ano dos governos petistas? 517 milhões.
É isso mesmo: o PT gastava 100 vezes mais com a mídia que o atacou até derrubá-lo, do que com a mídia que ele teria criado para defendê-lo – como se todo veículo de esquerda fosse petista.
Fica entendido então, que no regime de exceção para os blogs, quem faz “produto jornalístico de interesse público” é apenas a grande empresa jornalística – mercadista, neoliberal, de direita.
Ela pode opinar à vontade, da pauta à edição das notícias, das colunas aos editoriais, da previsão do tempo ao necrológio – e ainda posar de isenta, imparcial e objetiva.
Ela é mesmo uma imprensa muito interessante para o governo imposto.
Merece verbas públicas não só porque escolhe muito bem o que informa e como informa. Mas porque opina como interessa.
Gabriel Priolli é jornalista, professor e produtor de televisão. Trabalha atualmente em assessoria política e de comunicação. Atuou em diversos veículos da mídia tradicional e tem larga experiência na televisão pública e educativa. Fundou e presidiu a ABTU-Associação Brasileira de Televisão Universitária. Foi membro do Conselho Superior de Cinema, do Conselho de Comunicação do Congresso Nacional e do Conselho Consultivo do Sistema Brasileiro de TV Digital.
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alex
04/10/2016 - 17h55
É isso aí, Gabriel! Na mosca .. abs