Cracolândia: secretária de Dória anuncia saída

Patrícia Bezerra afirma que operação foi desastrosa e que enfrentava já havia algum tempo dificuldades para cumprir a agenda de direitos humanos em São Paulo

Diante da operação da Prefeitura de São Paulo para desmantelar a Cracolândia, a secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, Patrícia Bezerra, anunciou que está deixando a pasta.

Patrícia Bezerra afirma que a ação de Dória é “desastrosa” e diz não concordar com o modo como foi realizada.

Ao se demitir, mencionou “dificuldades (…) para dar prosseguimento à agenda de direitos humanos e ao atendimento humanizado”.

A então secretária já havia criticado publicamente a ação de Dória, durante reunião com militantes de direitos humanos.

Sobre a operação na Cracolândia, ela afirmou: “Isso me preocupa sim, mas se meu pescoço estiver a prêmio por eu escolher um lado, está a prêmio e eu não tenho nenhum problema com isso. Estou incomodada tanto quanto vocês. Também acho injusto. Problema complexo não se resolve dessa maneira”.

O encontro foi gravado e divulgado pela ONG A Craco Resiste. Assista:

Antes de deixar a Secretaria, ela apoiou que cerca de 60 manifestantes ocupassem a sede, na rua Líbero Badaró, no centro de São Paulo.

Foto: Divulgação/ Coletivo Autônomo Dos Trabalhadores Sociais (Catso)

A ocupação reivindica: “reunião com Filipe Sabará, secretário de assistência social; fim da ocupação militar; paradeiro das pessoas desaparecidas que foram detidas na operação do dia 21 e até o momento não foram localizadas; fim da política higienista do Estado e da Cidade de São Paulo”, informaram por meio da página no Facebook da ONG A Craco Resiste.

Leia abaixo a íntegra do pedido de exoneração de Patrícia Bezerra

“Venho, por meio desta, comunicar minha decisão em caráter pessoal e irrevogável de deixar a honrosa função de Secretária de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo.

Sr. Prefeito, diante das dificuldades que tenho enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda de direitos humanos e ao atendimento humanizado à população mais vulnerável de São Paulo, deixo o cargo, mas nunca a convicção em uma cidade que garanta o respeito à pessoa humana.

Sigo à disposição juntamente com minha equipe para que seja elaborado plano de transição para a continuidade das ações da pasta de Direitos Humanos e Cidadania do município de São Paulo.”

Por meio de liminar, a Defensoria Pública determinou que a Prefeitura deve para com as remoções e demolições compulsórias até que as famílias envolvidas sejam cadastradas.

João Dória já afirmou que não haverá recuo na operação e solicitou na Justiça com um pedido para que a prefeitura interne compulsoriamente os dependentes químicos.

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