Um voto carinhoso para os autores do massacre do Carandiru.

O cientista político Paulo Sérgio Pinheiro comenta a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que absolveu os responsáveis pelo massacre do Carandiru.

 

A decisão do Tribunal de justiça de São Paulo, revendo o julgamento em cinco tribunais dos júri, sobre o massacre do Carandiru e afirmando que não se tratou de massacre, mas de legítima defesa, consolida o Brasil como a República Bananeira da impunidade. O voto do relator Desembargador Sartori, aquele que condenou o rapaz por ter roubado cinco salames e defendeu sua decisão pelos riscos graves que esse furto colocava para a incolumidade pública. Nesse julgamento o Desembargador deu um voto carinhoso para os policiais militares que participaram desse massacre. Não só pretendendo anular o julgamento, como dar à todos a sua absolvição. Esse voto não tem nenhum contato com a realidade, está imensamente provado, pelas reconstituições, pelos laudos cadavéricos dos corpos dos detentos, que por exemplo 90% de detentos foram mortos, num andar, com tiros nas cabeças deles. Nos outros andares detentos foram executados pelas costas em celas que estavam fechadas. Não há nenhuma dúvida quanto ao massacre, é lamentável que 24 anos depois que essa impunidade continue sendo assegurada aos criminosos responsáveis por esse massacre. A nossa esperança é que o Tribunal Superior possa rever essa excrecência, essa demonstração de escárnio pelo Tribunal de Justiça em relação à luta pela impunidade e pelo Estado de Direito e império da lei, em São Paulo e no Brasil.

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