Atriz, produtora cultural e ativista política, Ruth Escobar morre aos 82 anos
Atriz de renome, personalidade do teatro nacional, agitadora política e importante produtora cultural, Ruth Escobar sempre se manteve na vanguarda artística brasileira.
Por Nocaute em 05 de outubro às 20h06Por volta das 13h30 desta quinta-feira (5) a atriz e produtora cultural Ruth Escobar morreu no Hospital 9 de Julho, em São Paulo. A causa da morte ainda não foi divulgada. O velório será no teatro Ruth Escobar.
Nascida em Portugal, Ruth emigrou com sua mãe, Marília do Carmo, para o Brasil em 1951. Estudou interpretação na França e assim que voltou ao Brasil montou a companhia Novo Teatro em parceria com o diretor Alberto D’Aversa.
Em 1964 a atriz decide fazer teatro popular além de inaugurar seu próprio teatro situado na região da Bela Vista em São Paulo.
Como atriz e produtora se projetou ao montar a obra “Cemitério de Automóveis” do diretor argentino Victor García. Em 1969 Ruth Cardoso recebeu seu primeiro troféu Roquette Pinto como personalidade do ano ao montar “O Balcão” de Jean Genet.
Em julho de 1968, um grupo de cem pessoas invadem o Teatro Ruth Escobar para reprimir a peça de Chico Buarque de Holanda. O atentado foi logo atribuído ao Comando de Caça aos Comunistas (CCC), grupo paramilitar de extrema direita criado um ano antes do golpe de 1964 e integrado por militares, policiais e jovens ligados a políticos de direita. O elenco da peça “Roda Viva”, foi espancado e o cenário foi inteiramente depredado.
Nos anos seguintes, trabalhou à frente do Centro Latino-Americano de Criatividade, centralizando em seu teatro importantes manifestações contra o regime militar, inclusive a fundação do Comitê da Anistia Internacional.
Eleita deputada estadual em 1980, dedicou-se a projetos comunitários e afastou-se parcialmente dos palcos. Em 1994 voltou aos festivais internacionais trazendo grupos de teatro, de dança, de formas animadas ou aqueles que uniam todas essas linguagens.
Em 1987 Ruth Escobar lançou “Maria Ruth – Uma Autobiografia”, contando parte da sua trajetória, na qual a produção cultural se mescla, de modo indissolúvel, à sua atuação política, voltada sobretudo para o inconformismo com as regras estabelecidas.
Em 2001, criou uma versão de Os Lusíadas, de Camões, seu último trabalho nos palcos, como produtora.
Há alguns anos Ruth lutava contra o Mal de Alheimer.
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