Ato das mulheres contra O Globo confirma: A imprensa ataca, mas não aceita o revide
A mídia repudia, mas o Brasil que não se conforma está em movimento.
Por Gabriel Priolli em 09 de Março às 15h26A Jornada Internacional de Luta das Mulheres, organizada por diversos movimentos populares, produziu os atos mais significativos deste último Dia Internacional da Mulher, o mais politizado em muitos anos.
Entre os atos, destacou-se o desafio direto ao maior poder do pais – o da mídia corporativa -, efetivado na invasão do parque gráfico do jornal O Globo, no Rio de Janeiro.
Um grupo de 400 a 800 mulheres fez pichações, queimou pneus, gravou imagens e falas para as redes sociais, e deixou o local meia hora depois de entrar.
O objetivo da ação, segundo as organizadoras, foi denunciar a atuação decisiva das empresa na instabilidade política brasileira, desde a articulação do golpe que depôs Dilma até a perseguição atual a Lula, para inviabilizá-lo como candidato à presidência.
Como sempre, o poder midiático procurou descaracterizar o sentido político do ato, tratando-o como um caso criminal.
Reduziu o coletivo de manifestantes apenas ao MST e atirou nele com todo o arsenal de demonização que é de uso rotineiro na cobertura dos sem-terra.
Na matéria que deu sobre o ato – e que não foi editada junto a outros protestos femininos ocorridos no mundo -, o Globo informou como sempre que “havia pessoas armadas com facões” – essa terrível arma jamais usada contra nenhuma mosca em manifestações dos sem-terra.
As entidades patronais – ANJ, ABERT, ANER – deploraram como sempre o “vandalismo” e pediram punição aos responsáveis.
“O ataque a um jornal é um ataque à imprensa livre, pilar da democracia”, disse o Globo. “É uma clara tentativa de intimidação, um ato que atropela a legalidade e o estado de direito democrático”.
Não vem ao caso, para o jornal e para seus defensores, que, na visão das manifestantes, é a própria imprensa que ataca a democracia, que intimida, que apóia os atropelos à legalidade, e que trata como estado de direito democrático esse estado de exceção vigente, que ela ajudou a instituir.
“A liberdade de imprensa é sagrada!”, protesta essa mídia corporativa, que não repudiou a invasão de residência e condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães, pelo nefando crime de opinião petista.
Essa mídia que pede censura e estrangulamento econômico dos blogs de esquerda, e que já obteve parte disso com o governo golpista que ela apóia.
A liberdade de imprensa é sagrada, mas não produz editoriais ou colunas de opinião para cobrar punição a quem matou dez sem-terras em Pau d’Arco, no Pará, em maio do ano passado.
Não protesta essa mídia contra o assassinato de um diretor do MST, em Iramaia, na Bahia, em janeiro deste ano.
Não condena a milícia criada em fevereiro por fazendeiros de Sorriso, no Mato Grosso, para reprimir os sem-terra a bala.
Não pede providências contra os pistoleiros que atacaram o acampamento dos sem-terra em Macaíba, no Rio Grande do Norte, agora em março.
Em seu conceito excludente de democracia e liberdade, a sagrada mídia corporativa brasileira entende que os manifestantes do MST podem apanhar, podem ser baleados, podem morrer – mas não podem fazer um ato político contra ela.
É uma patética ilusão…
“Quem não se movimenta, não sente as cadeias que a prendem”, diz a frase de Rosa Luxemburgo, que foi o lema da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra.
A mídia repudia, mas o Brasil que não se conforma está em movimento.
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Rossi
11/03/2018 - 22h34
Globo se autointitular como “pilar de democracia” é de fazer corar um monge de pedra! Menos srs. editores,menos. Qtos golpes já apoiou? Qtos mais apoiará?
C.Poivre
09/03/2018 - 15h52
Tv Afiada critica a “intervenssão tabajara” e é censurada pelo Facebook:
https://www.youtube.com/watch?v=tRusmBrTLWE