Aloysio Nunes reedita o AI-5 e afasta diplomata que criticou o governo em artigo

O chanceler Postiço Aloysio Nunes exuma o AI-5 e ressurge das trevas com novas punições: o vice-cônsul do Brasil em Nova York, Julio de Oliveira Silva, foi removido do cargo após criticar publicamente o governo de Michel Temer.

Depois da edição do Ato Institucional número 5, em 1968, os milicos resolveram fazer um rapa geral no Ministério das Relações Exteriores. A Comissão de Investigação Sumária do Itamaraty promoveu o maior expurgo da história da diplomacia brasileira, cassando treze embaixadores, oito oficiais de chancelaria e mais 23 servidores do Ministério das Relações Exteriores.

Os punidos eram todos funcionários de carreira suspeitos de comprometimento com o governo derrubado em 1964. Para disfarçar que se tratava de uma caça às bruxas de cunho político, o MRE vazou a notícia de que os aposentados compulsoriamente eram “dados à pederastia e ao alcoolismo”, funcionários “cujo comportamento não condizia com a carreira pública”.

Fazia parte da lista o poeta e diplomata Vinicius de Moraes. O debochado pai da Bossa Nova fez questão de tornar público que tinha sido incluído no listão por ser alcoólatra.

Passaram-se quatro décadas, virou o século, virou o milênio e o chanceler Postiço Aloysio Nunes exuma o AI-5 e ressurge das trevas com novas punições.

A vítima desta vez foi o vice-cônsul do Brasil em Nova York, Julio de Oliveira Silva, removido do cargo após criticar publicamente o governo de Michel Temer. Economista e no cargo há três anos – ao todo oito anos na carreira
diplomática – no dia 27 de setembro o diplomata publicou em sua coluna de estreia na revista CartaCapital o texto Temer e o projeto de subdesenvolvimento.

No dia seguinte, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, assinou a portaria que afasta o diplomata de suas funções, publicada nesta terça-feira 3 no Diário Oficial da União. Procurado pela imprensa, o “chanceler” recusou-se a dar explicações.

A reação do diplomata Julio de Oliveira Silva

7 Comentários

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alencar

06/10/2017 - 07h35

Sei que essa frase é “lugar comum” mas é a unica que pode expressar o pensamento de milhoes de democratas:(mais prtecisamente,54M que tiveram seus votos anulados por um GOLPE )A CADELA DO FASCISMO ESTA SEMPRE NO CIO! Êsse ministro ilegitimo como todo êsse governo (MAFIA), é a prova!

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Regina Maria de Souza

05/10/2017 - 10h06

Gostaria de lembrar que existe diferença entre patrão, governante e estado. Um empregado que se posicione publicamente contra seu patrão pode mesmo ser demitido, embora fosse desejável que pudesse haver o contraditório. Um servidor público, integrante de carreira de estado, tem como baliza de seu trabalho a Constituição, não o governante.
Algo, porém, me chamou a atenção: O diplomata disse-se demitido, não exonerado de cargo em comissão. Demitido sem o devido processo administrativo? Como assim, sr. ministro?

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Francisco Novellino

04/10/2017 - 19h34

Não entendi onde o Governo Brasileiro errou ao remover um diplomata que se declara publicamente não-alinhado com o chefe do Estado ao qual ele deve representar. Seria a “exumação” do AI-5 se o diplomata fosse exonerado arbitrariamente da carreira diplomática.

P.S.: Temer foi eleito pelos mesmos milhões de votos que elegeram Dilma, tanto em 2010, quanto em 2014. A partir do momento em que a Presidente foi afastada por um processo previsto na Constituição, o Vice-Presidente assume a Presidência com a mesma legitimidade da sua antecessora. “Golpe” é custear uma dívida irresponsável com títulos públicos de longo prazo, que comprometem a qualidade de vida da geração seguinte.

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    Miriam vieira

    04/10/2017 - 22h21

    Desculpe-me, mas os votos que elegeram Dilma, e por infelicidade o Temer, não validam esse projeto que o golpista implanta no país. Esse projeto é o projeto do PMDB,PSDB, DEM, PP, maçonaria e illuminatis ou seja os partido derrotados nas urnas. Como diria o Jucá, com o STF, com tudo…

    Marcos Lopes

    04/10/2017 - 22h51

    O indigitado comentarista sabe tanto de diplomacia e estado democrático de direito quanto o chanceler de política de Estado em prol dos interesses nacionais.

Izaías Almada

04/10/2017 - 16h43

A truculência e, por vezes, o ódio com que o “chanceler” Aloysio Nunes trata algumas questões do governo que atualmente muito bem representa, não poderia se manifestar de maneira tão clara nesse episódio. Trata-se, como muitos de nós sabemos, de uma figura que guardará para a História do Brasil a pequenina lembrança de ter sido um dia motorista de Carlos Marighela.
Não sou lombrosiano, claro, mas às vezes algumas das suas teorias dão o que pensar. Sobretudo para ex-comunistas.

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Antonio Batista.

04/10/2017 - 16h15

Essa é a pratica de pessoas autoritárias e não democrática. O PSDB é cheio dessas. Pessoas querem ser maior que o rei.

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