Aloysio Nunes reedita o AI-5 e afasta diplomata que criticou o governo em artigo
O chanceler Postiço Aloysio Nunes exuma o AI-5 e ressurge das trevas com novas punições: o vice-cônsul do Brasil em Nova York, Julio de Oliveira Silva, foi removido do cargo após criticar publicamente o governo de Michel Temer.
Por Fernando Morais em 04 de outubro às 11h44Depois da edição do Ato Institucional número 5, em 1968, os milicos resolveram fazer um rapa geral no Ministério das Relações Exteriores. A Comissão de Investigação Sumária do Itamaraty promoveu o maior expurgo da história da diplomacia brasileira, cassando treze embaixadores, oito oficiais de chancelaria e mais 23 servidores do Ministério das Relações Exteriores.
Os punidos eram todos funcionários de carreira suspeitos de comprometimento com o governo derrubado em 1964. Para disfarçar que se tratava de uma caça às bruxas de cunho político, o MRE vazou a notícia de que os aposentados compulsoriamente eram “dados à pederastia e ao alcoolismo”, funcionários “cujo comportamento não condizia com a carreira pública”.
Fazia parte da lista o poeta e diplomata Vinicius de Moraes. O debochado pai da Bossa Nova fez questão de tornar público que tinha sido incluído no listão por ser alcoólatra.
Passaram-se quatro décadas, virou o século, virou o milênio e o chanceler Postiço Aloysio Nunes exuma o AI-5 e ressurge das trevas com novas punições.
A vítima desta vez foi o vice-cônsul do Brasil em Nova York, Julio de Oliveira Silva, removido do cargo após criticar publicamente o governo de Michel Temer. Economista e no cargo há três anos – ao todo oito anos na carreira
diplomática – no dia 27 de setembro o diplomata publicou em sua coluna de estreia na revista CartaCapital o texto Temer e o projeto de subdesenvolvimento.
No dia seguinte, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, assinou a portaria que afasta o diplomata de suas funções, publicada nesta terça-feira 3 no Diário Oficial da União. Procurado pela imprensa, o “chanceler” recusou-se a dar explicações.
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A reação do diplomata Julio de Oliveira Silva
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alencar
06/10/2017 - 07h35
Sei que essa frase é “lugar comum” mas é a unica que pode expressar o pensamento de milhoes de democratas:(mais prtecisamente,54M que tiveram seus votos anulados por um GOLPE )A CADELA DO FASCISMO ESTA SEMPRE NO CIO! Êsse ministro ilegitimo como todo êsse governo (MAFIA), é a prova!
Regina Maria de Souza
05/10/2017 - 10h06
Gostaria de lembrar que existe diferença entre patrão, governante e estado. Um empregado que se posicione publicamente contra seu patrão pode mesmo ser demitido, embora fosse desejável que pudesse haver o contraditório. Um servidor público, integrante de carreira de estado, tem como baliza de seu trabalho a Constituição, não o governante.
Algo, porém, me chamou a atenção: O diplomata disse-se demitido, não exonerado de cargo em comissão. Demitido sem o devido processo administrativo? Como assim, sr. ministro?
Francisco Novellino
04/10/2017 - 19h34
Não entendi onde o Governo Brasileiro errou ao remover um diplomata que se declara publicamente não-alinhado com o chefe do Estado ao qual ele deve representar. Seria a “exumação” do AI-5 se o diplomata fosse exonerado arbitrariamente da carreira diplomática.
P.S.: Temer foi eleito pelos mesmos milhões de votos que elegeram Dilma, tanto em 2010, quanto em 2014. A partir do momento em que a Presidente foi afastada por um processo previsto na Constituição, o Vice-Presidente assume a Presidência com a mesma legitimidade da sua antecessora. “Golpe” é custear uma dívida irresponsável com títulos públicos de longo prazo, que comprometem a qualidade de vida da geração seguinte.
Miriam vieira
04/10/2017 - 22h21
Desculpe-me, mas os votos que elegeram Dilma, e por infelicidade o Temer, não validam esse projeto que o golpista implanta no país. Esse projeto é o projeto do PMDB,PSDB, DEM, PP, maçonaria e illuminatis ou seja os partido derrotados nas urnas. Como diria o Jucá, com o STF, com tudo…
Marcos Lopes
04/10/2017 - 22h51
O indigitado comentarista sabe tanto de diplomacia e estado democrático de direito quanto o chanceler de política de Estado em prol dos interesses nacionais.
Izaías Almada
04/10/2017 - 16h43
A truculência e, por vezes, o ódio com que o “chanceler” Aloysio Nunes trata algumas questões do governo que atualmente muito bem representa, não poderia se manifestar de maneira tão clara nesse episódio. Trata-se, como muitos de nós sabemos, de uma figura que guardará para a História do Brasil a pequenina lembrança de ter sido um dia motorista de Carlos Marighela.
Não sou lombrosiano, claro, mas às vezes algumas das suas teorias dão o que pensar. Sobretudo para ex-comunistas.
Antonio Batista.
04/10/2017 - 16h15
Essa é a pratica de pessoas autoritárias e não democrática. O PSDB é cheio dessas. Pessoas querem ser maior que o rei.