Mercosul suspende novamente a Venezuela para enfraquecer Maduro

Para a Venezuela, medida é fragmentação da América do Sul, impulsionada pelos Estados Unidos

Durante reunião realizada em São Paulo, os chanceleres do Mercosul decidiram no sábado (5) suspender a Venezuela do bloco, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, alegando ruptura da ordem democrática. A sanção foi aplicada com base nas cláusulas do Protocolo de Ushuaia, assinado em 1998.

Entre as exigências para que a questão seja revista estão a “libertação dos presos políticos, a restauração das competências do Poder Legislativo, a retomada do calendário eleitoral e anulação da convocação da Assembleia Constituinte”, consta no documento assinado durante o encontro.

O principal defensor da sanção foi o Brasil. “É uma sanção grave de natureza política”, enfatizou o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, que faz críticas à Venezuela desde que assumiu como chanceler de Michel Temer, em março de 2017.

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O Protocolo de Ushuaia foi aplicado pelo Mercosul uma única vez, contra o Paraguai em 2012 após o golpe que derrubou o presidente Fernando Lugo.

A expectativa é isolar a Venezuela e, assim, enfraquecer o presidente Nicolás Maduro. “É um elemento a mais que nós estamos colocando para que a Venezuela possa, mediante a luta do seu povo, ter o direito de voltar a participar do Mercosul”, disse Aloysio Nunes.

Aloysio Nunes disse ainda que a decisão é motivada pela realização da Assembleia Nacional Constituinte – alternativa oferecida por Maduro para tentar diálogo com a oposição. “Apelamos para que a eleição não se desse, para que não fosse instalada a Constituinte, porque víamos ali um passo a mais no caminho de confronto institucional”, exemplificou sobre as atitudes que provocaram a suspensão.

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Em 31 de julho, um dia após os venezuelanos votarem para escolher quem serão os deputados constituintes, o governo dos Estados Unidos anunciou uma sanção a Nicolás Maduro. Uma semana antes, os EUA já haviam punido individualmente 13 membros do governo venezuelano.

Elías Jaua, ministro da Educação da Venezuela, já respondeu à decisão do Mercosul afirmando que os países adotaram “a política de fragmentação impulsionada pelo governo dos Estados Unidos da América do Norte”.

“É inaceitável que se tente sancionar e isolar um país independente e livre por exercitar seus direitos constitucionais ao votar e eleger uma Assembleia Nacional Constituinte”, disse Jaua.

Para o venezuelano, “mais que prejudicar a Venezuela, a atitude do Mercosul prejudica a possibilidade de uma América do Sul unida no [campo] econômico, comercial, social e político”.

Um comentário

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José Eduardo Garcia de Souza

06/08/2017 - 14h01

Enfraquecer Maduro? Esta sanção é para ver se Maduro acorda para a realidade. Ele está liquidado, e o quanto antes perceber isto e sair do poder, melhor.

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