Elias Jaua adverte: aqui na Venezuela os golpistas não passarão.

O deputado Elias Jaua é um dos quadros mais qualificados da Revolução Bolivariana. Apesar de jovem (ele hoje tem 47 anos) esse sociólogo e professor universitário se uniu ao Comandante Hugo Chávez...

O deputado Elias Jaua é um dos quadros mais qualificados da Revolução Bolivariana. Apesar de jovem (ele hoje tem 47 anos) esse sociólogo e professor universitário se uniu ao Comandante Hugo Chávez em 1996 para a fundação do MVR, o Movimento Quinta República, que daria lugar ao atual PSUV – Partido Socialista Unido da Venezuela.

À exceção da Presidência da República, Jaua já ocupou os postos mais importantes da Revolução Bolivariana. Eleito para a Constituinte de 1999, ele seria, nos anos seguintes, membro do Comando Tático Nacional, ministro de Agricultura e Terras, chefe da Casa Civil da Presidência, ministro da Economia, ministro das Relações Exteriores e vice-presidente da República.

Nas primeiras horas da manhã de uma úmida e escaldante quarta-feira, Jaua estava nas ruas de Caracas organizando uma megamanifestação popular de apoio à aprovação, pela Suprema Corte, do orçamento nacional de 2017 – função que a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, se recusou a cumprir.

Jaua interrompeu por meia hora o trabalho de agitação de rua para conceder uma entrevista ao jornalista Fernando Morais, editor de Nocaute. Nela o deputado fala do avanço da direita na América Latina, do golpe no Brasil, das eleições nos Estados Unidos e das expectativas da OPEP em relação aos preços do barril de petróleo.

A íntegra da entrevista de Elias Jaua estará ainda hoje no Nocaute.

 

 
Fernando Morais: O campo progressista brasileiro olha para a Venezuela há mais de uma década com muita esperança, e agora com muita preocupação, por tudo o que vem passando. O que o senhor tem a dizer sobre isso aos vizinhos brasileiros?

 

Elias Jaua: Em primeiro lugar, entendemos nossa luta como uma luta de todos, de todos os povos da América do Sul. Porque conseguimos ganhar uma década, como disse o presidente Rafael Correa. Temos que tentar agora ganhar a década futura, a década que irá dos anos 20 aos 30. A definição dessa disputa se dará nos próximos três anos no nosso continente. A preservação do poder político na Venezuela por parte da corrente popular, democrática de esquerda, nesse momento representada pelo presidente Nicolás Maduro, é garantia de que o Brasil pode recuperar totalmente sua democracia, não? A História mostrou que sim, que se pode resistir ao embate com o imperialismo, com os agentes dominantes que querem jogar fora o que foi construído, no Brasil ou na Argentina. E desejo isso com muita força. Aqui, não passarão. Esta é nossa tarefa. E onde conseguiram passar, vão ter que sair e aí voltará o povo. Estamos certos de que mais cedo do que se pensa, no Brasil e na Argentina os projetos democráticos populares voltarão ao poder. Esta não é uma derrota estratégica. Sabe por que, Fernando? Porque não houve uma derrota ideológica. Houve reveses eleitorais, ou reveses político- institucionais, como no caso do Brasil. Mas o que construímos ainda continua sendo hegemônico, que é a ideia de soberania, de democracia, de democratização da nossa sociedade, de igualdade nos direitos, de reconhecimento à diversidade cultural, étnica dos nosso povos. Os povos do Brasil, da Argentina, da Venezuela, da Bolívia, continuam acreditando nisso. Temos que reconhecer os erros que cometemos. Por que nos infringiram reveses eleitorais? Por que permitiram que acontecessem golpes como o que ocorreu no Brasil? A brutalidade da ofensiva está agora no campo neoliberal, longe dos valores que hoje os povos latino-americanos carregam como valores intrínsecos dele. Vão surgir grandes movimentos populares revolucionários. Tomara que as elites latino-americanas tenham a mesma atitude democrática que tiveram os governos populares democráticos que perderam as eleições, como Cristina, que perdeu e entregou o poder. Esperamos que quando surgir uma onda democratizadora, popular e revolucionaria, entreguem o poder pacificamente ao povo.

 

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