Avós da Praça de Maio encontram a neta 126

"Não esperava ter esta alegria. Via outros netos sendo recuperados e dizia a mim mesmo que nunca aconteceria comigo", declarou a avó da neta 126.

As Avós da Praça de Maio anunciaram nesta terça-feira (5) a identidade da 126ª neta sequestrada pela repressão na última ditadura argentina (1976-1983). Adriana é filha de Violeta Graciela Ortolani e de Edgardo Roberto Garnier, ambos desaparecidos. Nasceu em janeiro de 1977, quando sua mãe estava presa.

“Estou feliz, estou plena. Um quebra-cabeça se completou para mim. Completou minha vida”, disse a neta 126 em entrevista coletiva.

Adriana é advogada e seus pais adotivos já morreram. Sua avó paterna é Blanca Díaz de Garnier, tem 86 anos e vive na província de Entre Ríos, na fronteira com Uruguai. “Não esperava ter esta alegria. Via outros netos sendo recuperados e dizia a mim mesmo que nunca aconteceria comigo”, disse.

Foto: Abuelas

Uma de suas tias, Silvia Garnier declarou: “Ela é o bebê que eu não pude ter nos meus braços, mas que a partir de agora poderei ter”.  Marcela Ortolani, outra tia de Adriana, disse: “Foi muito desejada, muito querida e muito procurada durante 40 anos”.

Violeta Graciela Ortolani foi presa em 14 de dezembro de 1977, aos 23 anos, quando estava no sétimo mês de gravidez.

“Edgardo procurou a sua mulher por todos os lugares até que no dia 8 de fevereiro de 1977 ele também foi sequestrado. Sua família continuou a busca e foi uma das primeiras a denunciar, mas nunca houve um dado concreto sobre o casal, nem sobre o menino ou a menina nascido no cativeiro… até agora”, disse a presidente da associação das Avós, Estela de Carlotto.

Blanca Díaz de Garnier, 86 anos.

Bebês desaparecidos

A neta 125 foi encontrada no dia 26 de outubro.

Estima-se que na Argentina pelo menos 500 bebês, filhos de presos políticos nascidos em cativeiro, tenham sido roubados pela repressão e entregues à adoção clandestina. Em alguns casos, foram adotados ilegalmente por militares ou civis que apoiavam a ditadura.

Adriana decidiu fazer o exame de DNA depois de saber que era filha adotiva.”Soube que não era filha biológica dos meus pais em um sábado e na segunda-feira seguinte eu estava aqui para perguntar se era filha de desaparecidos, mais do que nada pela minha data de nascimento”.

A Associação das Avós da Praça de Maio foi fundada em 1977 junto de outros movimentos que procuravam por desaparecidos políticos.

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