As doze vitórias do presidente Nicolás Maduro em 2017
Neste ano heroico de brutais ataques e infinitas agressões, o chavismo demonstrou sua força e capacidade de superação
Por Nocaute em 04 de Janeiro às 13h49
*Por Ignacio Ramonet
Para começar, devemos lembrar que o presidente Nicolás Maduro é o mandatário mais injustamente perseguido, caluniado e agredido na história da Venezuela. Mais do que o próprio comandante Hugo Chávez, fundador da Revolução Bolivariana. Tirar Nicolás Maduro do palácio de Miraflores, da maneira que for, foi e continua sendo o objetivo doentio da oposição reacionária interna e seus poderosos aliados internacionais, começando pelo governo dos Estados Unidos da América.
O ano de 2017 começou e já iniciaram os ataques contra o presidente. A primeira agressão veio da Assembleia Nacional, controlada pela contrarrevolução, que decidiu, em 9 de janeiro, “desconhecer” o presidente. E acusou a Nicolás Maduro de ter “abandonado o cargo”. Algo falso e absurdo.
Diante dessa tentativa de golpe de estado constitucional – inspirado no modelo de golpe parlamentar que derrubou Dilma Rousseff no Brasil em 2016 -, o Tribunal Supremo de Justiça interveio para afirmar que, em virtude da Constituição, a Assembleia Nacional não pode destituir o chefe do Estado, diretamente eleito pelo povo.
De sua parte, o presidente respondeu a essa tentativa de golpe organizado no dia 14 de janeiro, com massivas ações cívico-militares denominadas “Exercício de ação integral anti-imperialista Zamora 200”. Mobilizou cerca de 600 mil efetivos entre militares, milicianos e militantes dos movimentos sociais. E ofereceu uma imponente demonstração de unidade entre Forças Armadas, governo, Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) e massas populares. Essa foi a primeira vitória de 2017.
Encorajada pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos – candidato da direita supremacista que tomou posse do cargo em Washington em 20 de janeiro -, a oposição venezuelana tratou de intimidar o governo de Maduro com uma grande marcha em Caracas em 23 de janeiro, data da queda do ditador Marcos Pérez Jiménez em 1958. Mas aí também fracassou de maneira patética. Entre outros motivos, porque o presidente Maduro respondeu organizando, no mesmo dia, o transporte popular dos restos de Fabricio Ojeda, líder revolucionário da derrubada de Pérez Jiménez, até o Panteão Nacional. Ao chamado do mandatário, acataram em massa centenas de milhares de caraquenhos que encheram as avenidas da capital. E se pôde ver nitidamente como o chavismo popular domina as ruas, enquanto a oposição exibia suas divisões e esqualidez extrema. Essa foi a segunda vitória do presidente Maduro.
Pouco depois aconteceu a intervenção do Tribunal Supremo, que decidiu que a Assembleia Nacional se encontrava em situação de “desacato” desde 2016. De fato, nas eleições legislativas de 6 de dezembro de 2015, foram denunciadas fraudes no estado do Amazonas. Fraudes demonstradas por gravações nas quais a secretária do governo do estado oferecia dinheiro a grupos de eleitores para votarem em candidatos de oposição. Consequentemente, o TSJ suspendeu esses deputados. Mas a Assembleia Nacional insistiu em juramentá-los. Porque a soma desses três membros conferiria à oposição uma maioria absoluta qualificada (dois terços dos deputados) e o poder de derrubar leis orgânicas e limitar a ação do próprio presidente.
Leia também: A oposição venezuelana é a cara do entreguismo da elite latinoamericana
As tensões entre um Parlamento e um Tribunal Supremo são relativamente frequentes em todas as grandes democracias. Na Europa, por exemplo, quando surge um conflito constitucional entre poderes, é habitual que o Tribunal Supremo assuma competências do Parlamento. E nos Estados Unidos, até um presidente tão esotérico quanto Donald Trump já teve que acatar decisões recentes da Suprema Corte.
Mas em Caracas a contrarrevolução utilizou esse debate para relançar uma campanha internacional sobre a suposta “ausência de democracia na Venezuela”. Com a cumplicidade da nova administração estadosunidense, montou uma colossal operação de linchamento midiático mundial contra Nicolás Maduro. Mobilizando os principais meios de comunicação: desde CNN e FOX News até a BBC de Londres, mais os principais meios da América Latina e do Caribe, e os mais influentes diários globais, pilares da hegemonia da comunicação conservadora, assim como as redes sociais.
Ao mesmo tempo, a direita venezuelana utilizou essa manobra com a intenção de internacionalizar o conflito interno levando-o à Organização dos Estados Americanos (OEA), “ministério das colônias dos EUA”, segundo Che Guevara. Obedecendo as orientações do novo governo de Donald Trump e com o apoio de vários regimes conservadores da América Latina, Luis Almagro, secretário geral da OEA, assumiu então o miserável papel de liderar essa manobra exigindo a aplicação da Carta Democrática contra a Venezuela.
Mas Caracas contra-atacou no ato e conseguiu a solidariedade diplomática da maioria dos Estados latinoamericanos e caribenhos. Apesar dos desonestos truques e dos falsos argumentos do Secretário Geral da OEA, Venezuela jamais pôde ser colocada de escanteio. Venceu de maneira irrefutável. E os inimigos da Revolução Bolivariana, entre eles Washington, acirraram os dentes contra a sólida estratégia pensada pelo presidente Maduro, baseada na realidade dos fatos, honestidade política e ética. Finalmente, em abril, Caracas decidiu se retirar da OEA, acusando a organização de “ações intrusivas contra a soberania da Venezuela”. Com imaginação e audácia, nesse complexo cenário internacional, Nicolás Maduro conseguiu assim sua terceira grande vitória de 2017.
Entretanto, as tensões aumentaram em Caracas quando, em 29 de março, a Sala Constitucional do TSJ declarou que “enquanto persistir a situação de desacato e invalidez das atuações da Assembleia Nacional, esta Sala Constitucional garantirá que as competências parlamentares sejam exercidas diretamente por esta Sala ou pelo órgão que ela disponha, para velar pelo Estado de Direito”. Anteriormente, o TSJ já havia decidido também que a imunidade parlamentar dos deputados “só se ampara durante o exercício de suas funções”, que não era o caso da Assembleia Nacional ao encontrar-se em condição de “desacato”.
Crise das “guardimbas”
A oposição antichavista fez barulho. E com a ajuda, uma vez mais, das forças conservadoras internacionais, passou a propulsar um plano sedicioso contrarrevolucionário. Começou então a longa e trágica “crise das guarimbas”. Durante quatro intermináveis meses – de abril a julho, a contrarrevolução lançou a mais desesperada e brutal ofensiva bélica contra o governo bolivariano. Financiadas em dólares pela direita internacional, as forças antichavistas – lideradas por Primero Justicia e Voluntad Popular, duas organizações de extrema direita – não hesitaram em utilizar paramilitares, agentes terroristas e mercenários do crime organizado na implantação de táticas irregulares simultâneas, assim como uma elite de especialistas em guerra psicológica e propaganda “democrática”. Com a finalidade patológica de derrubar Nicolás Maduro.
Embriagadas de violência, as hordas “guarimberas” correram para tomar de assalto a democracia venezuelana. Atacaram, incendiaram e destruíram hospitais, centros de saúde, escolas, creches, maternidades, armazéns de alimento e remédio, prédios governamentais, escritórios privados, estações de metrô, ônibus…enquanto multiplicavam as barricadas nos bairros burgueses que controlavam.
Os violentos, arremessando dezenas de coquetéis molotov, se lançaram particularmente contra os efetivos dos corpos de segurança. Cinco uniformizados foram assassinados a tiros. Por outro lado, muitos “guarimberos” mostraram um terrível selvagerismo quando armaram finos cabos de aço em vias públicas para degolar motociclistas. Ou quando, transbordando de ódio e racismo, queimaram vivos jovens chavistas. 29 no total, dos quais faleceram 9. Resultado: 121 pessoas assassinadas, milhares de feridos e perdas milionárias.
Durante esses quatro meses de explosão contrarrevolucionária, a oposição também convocou ataques a bases militares, e tratou de incitar as forças armadas a marcharem contra o governo legítimo e tomar de assalto o palácio presidencial. A extrema direita golpista tentou de tudo para gerar uma guerra civil, romper a união civil-militar, e destruir a democracia venezuelana.
Ao mesmo tempo, em escala internacional, seguia a frenética campanha midiática apresentando os que incendiavam hospitais, assassinavam inocentes, destruíam escolas e queimavam pessoas vivas como “heróis da liberdade”. Era o mundo ao contrário, o da “pós-verdade” e dos “fatos alternativos”.
Não foi fácil resistir a tanto terror, a tanta agressão, e controlar a ordem pública com uma visão de autoridade democrática, proporcionalidade e respeito aos direitos humanos. O presidente Nicolás Maduro, constitucional e legítimo, o conseguiu. E conseguiu o que parecia impossível: a saída do labirinto da violência. Com uma ideia genial, que ninguém esperava. E que deixou a oposição desconcertada: voltar ao poder constituinte originário.
O pretexto do terrorismo “guarimbero” residia no desacordo entre duas legitimidades: do Tribunal Supremo de Justiça e da Assembleia Nacional. Nenhuma das duas instituições queria dar o braço a torcer. Como sair do impasse? Baseando-se nos artigos 347, 348 e 340 da Constituição chavista de 1999, e apelando ao status de chefe de Estado e de árbitro máximo, o presidente Maduro decidiu reativar um processo popular constituinte. Era o único modo de firmar, pela via do diálogo político e da palavra, um acordo com a oposição. E de mediar o conflito histórico, para pensar soluções para os problemas do país. Pensou bem e esperou o momento adequado. Até que, no dia 1° de maio, todas as condições estavam dadas. Nesse dia, o presidente anunciou que a eleição dos delegados da Assembleia Constituinte aconteceria no dia 30 de julho. Era a única opção para a paz.
Leia também: Venezuela prova que diferenças políticas se resolvem com eleições
Mas, de novo, confirmando sua torpeza política, a oposição recusou a mão estendida. Entre comemorações da imprensa mundial, como parte da campanha brutal e impiedosa contra a Revolução Bolivariana, os partidos de oposição acordaram em não participar. E se dedicaram, pelo contrário, a sabotar as eleições, a impedir o acesso, a colocar barricadas, queimar urnas e ameaçar quem desejava exercer seu direito de votar.
Fracassaram. Foram incapazes de impedir que, no 30 de julho, o povo saísse massivamente e apostar na democracia contra a violência e o terror. Mais de oito milhões e meio de cidadãos foram votar. Vencendo toda sorte de obstáculos. Enfrentando paramilitares e “guarimberos”. Desobstruindo ruas bloqueadas. Cruzando córregos e rios. Fazendo o impossível para cumprir com seu dever cívico, político, ético, moral….Superando as ameaças de dentro e de fora.
Poucos esperavam tão alto grau de mobilização popular, essa quantidade de eleitores e a ressonante vitória. No dia seguinte, como havia previsto o presidente, os “guarimbas” se dispersaram. A violência desaparecia. A paz voltava a reinar.
Com sutileza, paciência, coragem e decisão, e uma fina inteligência estratégica, o presidente Maduro conseguiu dessa maneira derrotar as “guarimbas” e abortar a evidente intentona golpista. Se colocou com firmeza contra as ameaças, e o fez sem alterar a substância de sua política. Essa foi sua vitória mais espetacular de 2017.
“A chegada da Constituinte – comentou Nicolás Maduro – significou, sem dúvida, a chegada de um clima de paz que permitiu fortalecer a ofensiva política da Revolução Bolivariana”. E essa ofensiva favoreceu o que muitos achavam impossível: outras duas vitórias eleitorais sensacionais. A dos governadores dos estados, em 15 de outubro, com a conquista de 19 dos 23 governos possíveis…Entre eles, o de Miranda e o de Lara, dois estados cuja política social estava quase em extinção nas mãos da oposição. E mais tarde o triunfo em Zulia, um estado estratégico, de grande peso demográfico e detentor de importantes reservas de petróleo e gás.
A Revolução Bolivariana ainda ganhou as eleições municipais de 10 de dezembro, com a obtenção de 308 das 335 prefeituras, ou seja, 93% dos municípios. O chavismo se impôs em 22 das 24 capitais, incluindo Caracas. Enquanto isso a contrarrevolução confirmava sua impopularidade com uma queda drástica de eleitores, perdendo mais de 2 milhões e 100 mil votos. Mostrando ao mundo a vitalidade de seu sistema democrático, a Venezuela foi o único país que organizou, em 2017, três grandes eleições nacionais. Três vitórias do chavismo. Enquanto a direita, desmoralizada por tantos desastres sucessivos, ficava isolada, desunida, grogue. Seus líderes confrontados. Seus seguidores atordoados. Ainda que tenha conservado o apoio de seus protetores internacionais. Em particular o mais agressivo deles: o novo presidente dos EUA, Donald Trump.
Bloqueio econômico
Ao longo de 2017 – dando continuidade à ordem executiva de 8 de março de 2015, firmada por Barack Obama, na qual declarou a Venezuela “ameaça incomum e extraordinária à segurança dos EUA” -, Donald Trump emitiu uma lista de sanções contra a Revolução Bolivariana.
Em particular, em 11 de agosto, ameaçou com uma ação militar. Falando a jornalistas em seu campo de golf de New Jersey, Trump disse: “Temos muitas opções para Venezuela, incluindo uma possível opção militar, se for necessário”. Depois, em 25 de agosto, no marco do bloqueio financeiro contra Caracas, Trump proibiu que “qualquer pessoa, entidade, empresa ou associação, legalmente radicada ou que realize atividades nos EUA, possa efetuar negócios com novos títulos da dívida que sejam emitidos por qualquer instância do governo venezuelano, ou seja, títulos da República emitidos pelo Banco Central venezuelano ou pela empresa estatal Pdvsa”.
Essas sanções pretendem fazer a Venezuela cair em default ( sem o pagamento da dívida externa) porque se fecham ao Estado e à Pdvsa as portas dos mercados financeiros associados aos EUA, impedindo a oferta de títulos e obtenção de divisas.
Ya Lawrence Eagleburger, ex-secretário de Estado do presidente George W. Bush, havia reconhecido abertamente, em uma entrevista a Fox News, que a guerra econômica contra a Venezuela havia sido efetivamente concebida em Washington: “Devemos usar as ferramentas econômicas – afirmou o ex-secretário de Estado – para fazer a economia venezuelana piorar, de tal maneira que a influência do chavismo no país na região desapareça (…) Faremos tudo o que pudermos para afundar a economia venezuela.” O atual secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, confirmou oficialmente que as novas sanções têm por objetivo “estrangular a Venezuela”.
Frente a tão insolentes agressões, Nicolás Maduro declarou que o default “nunca chegará”. Primeiro porque a Venezuela é o país sulamericano que mais pagou sua dívida. Nos últimos quatro anos, Caracas sanou cerca de US$ 74 milhões. E porque o governo bolivariano “sempre terá uma estratégia clara” direcionada à renegociação e reestruturação da dívida externa. O mandatário denunciou que o que buscam os inimigos do chavismo é isolar financeiramente a Revolução Bolivariana até que não haja possibilidades de crédito. Para ir afundando-a pouco a pouco. Querem gerar temor nos investidores privados, para que não comprem títulos, não participem da renegociação da dívida e não haja investimento. Nicolás Maduro explicou que, além do bloqueio, o que a Venezuela enfrenta é uma autêntica “perseguição” da qual também participam países como Canadá e os da União Europeia. Uma perseguição ativa ao comércio, às contas bancárias e às movimentações financeiras.
Mas o mandatário soube se esquivar desses ataques. E surpreendeu, mais uma vez, seus adversários quando anunciou, em 3 de novembro, a criação de uma comissão para consolidar o refinanciamento e a reestruturação da dívida externa, com o propósito de superar os ataques financeiros. “Vamos fazer uma reformulação completa dos pagamentos externos para alcançar o equilíbrio – declarou – Vamos romper com os esquemas internacionais”. E assim foi. Alguns dias depois, desafiando o bloqueio financeiro, e como parte do primeiro passo para a renegociação e reestruturação planejadas pelo presidente, chegava a Caracas, para se reunir com o governo bolivariano, um grupo de detentores da dívida venezuelana procedentes dos EUA, Panamá, Reino Unido, Portugal, Colômbia, Chile, Argentina, Japão e Alemanha. O que constituiu uma incontestável vitória para o presidente Maduro.
Aqui convém dizer que o conflito de quarta geração contra a Revolução Bolivariana tem várias frentes e inclui de maneira simultânea e continuada quatro guerras: 1) uma guerra de insurreição projetada por especialistas em subversão, sabotagem e psicologia de massas, com emprego de mercenários, explosão cíclica de “guarimbas” criminosas e ataques terroristas contra quartéis, objetivos militares e infraestruturas globais (rede elétrica, refinarias, distribuição de água, etc); 2) uma guerra midiática, com a imprensa, a rádio, a televisão e as redes sociais convertidas em novos exércitos de conquista mediante o uso planejado de propaganda orientada a domesticar as mentes e seduzir os corações; 3) uma guerra diplomática com ataques em alguns fóruns internacionais, em particular na OEA, e de países do chamado “grupo de Lima” aos que se somam regularmente os EUA, Canadá e a União Europeia; 4) uma guerra econômica e financeira com acúmulo e desabastecimento de alimentos e medicamentos, manipulação de câmbio ilegal, inflação induzida, bloqueio bancário e distorção do risco país.
A propósito do risco país, não podemos esquecer que, nos últimos quatro anos, como já foi dito, Caracas honrou todos seus compromissos de pagamento de dívida, sem exceção, por mais de US$ 74 milhões. O que deveria ter feito diminuir drasticamente o risco país. Pois não se corre nenhum risco ao emprestar para a Venezuela, já que o país paga religiosamente todas as suas dívidas. Ainda assim, o risco país vem aumentando. Atualmente, segundo o banco JP Morgan, o risco país está em 4.820 pontos, ou seja, 38 vezes maior do que o do Chile, país que tem a mesma relação dívida/PIB que a Venezuela. Caracas paga caro assim por ter optado democraticamente por um sistema político socialista.
Sobre o bloqueio bancário, ao longo de 2017, e em particular depois das sanções de Trump, os cancelamentos unilaterais de contratos se multiplicaram. Em julho, por exemplo, o agente de pagamento Delaware informou que o banco correspondente, o PNC Bank dos EUA, se negava a receber fundos procedentes da Pdvsa. Em agosto, o Novo Banco de Portugal notificou Caracas a impossibilidade de realizar operações em dólares por bloqueio dos bancos estadosunidenses intermediários. Mais tarde, o Bank of China Frankfurt, aliado de Caracas, tampouco pôde pagar US$ 15 milhões devidos pela Venezuela para a empresa mineradora canadense Gold Reserve. Em novembro, mais de US$ 39 milhões – pelo pagamento de 23 operações de compra de alimentos para as festas natalinas – foram devolvidos a Caracas porque os bancos intermediários dos provedores não aceitaram dinheiro da Venezuela.
Por outro lado, a partir de setembro, soube-se que a empresa financeira Euroclear, filial do banco estadosunidense JP Morgan, bloqueou um pagamento de US$ 1.200 milhão feito pelo governo bolivariano para adquirir medicamento e alimento. Isso impediu a aquisição de 300 mil doses de insulina. Ao mesmo tempo, um laboratório colombiano, pertencente ao grupo sueco BSN Medical, se negou a aceitar o pagamento da Venezuela por uma carga de primaquina, medicamento para o tratamento da malária.
O objetivo de todos esses bloqueios é impedir que o governo bolivariano possa utilizar seus recursos para adquirir o alimento e medicamento que a população necessita. Tudo isso com a intenção de incitar o povo a protestar e gerar o caos no sistema de saúde, pondo em risco a vida de milhares de doentes.
Neste caso, graças a suas relações internacionais, o presidente concretizou, em novembro, a chegada urgente ao país de importantes cargas de insulina vindas da Índia. Centenas de pacientes puderam ser salvos. O que, sem dúvida, constituiu uma nova vitória para Maduro.
Para romper o bloqueio financeiro, o presidente anunciou, em novembro, outra iniciativa: a criação de uma moeda digital, o petro. Esse anúncio despertou um forte entusiasmo na comunidade de investidores das criptomoedas, colocou a Venezuela na vanguarda da tecnologia e finanças globais, e gerou enormes expectativas. Ainda mais pelo fato do preço do petro não estar vinculado aos caprichos e especulação dos mercados, e sim estar associado ao valor internacional de ativos reais como o ouro, gás, diamante e petróleo. A Venezuela assim deu um passo enorme para possuir um mecanismo revolucionário de financiamento no qual nenhuma potência estrangeira poderá impor sanções, nem boicotar a chegada de capitais. Nesse sentido, o petro é mais uma clara vitória do presidente Maduro.
Avanço do socialismo bolivariano
É necessário acrescentar que, em meio a todas essas batalhas, e apesar da quebra total do modelo de dependência do petróleo, o presidente se preocupou para que o socialismo bolivariano não se detivesse e não faltasse aos mais humildes escola, trabalho, teto, cuidados médicos, alimento. O governo revolucionário não deixou de financiar obras públicas fundamentais. Nem de construir casas: em 2017, foram entregues mais de 570 mil habitações. Foram mantidas a Misión Barrio Adentro e todas as missões sociais. Foi consolidado o Plan Siembra. Estendeu-se a Misión Abastecimiento Soberano. Multiplicaram-se as Ferias del Campo Soberano. Fizeram das tripas coração e, em meio a tantos tormentos, o presidente Maduro conseguiu um milagre social do país. A contrarrevolução não conseguiu deter o avanço do socialismo.
Seguindo esse caminho, os Comités Locales de Abastecimiento e Producción (CLAP), modelo centralizado de distribuição direta, continuaram se desenvolvendo em todo o país e já alcançaram 4 milhões de venezuelanos dos setores populares que passaram a ficar protegidos do desabastecimento causado pela guerra econômica.
Além disso, o presidente Maduro lançou, ao longo de 2017, novas iniciativas sociais. A mais espetacular foi a do Carnet de la Patria, novo documento de identificação que permite conhecer, mediante um sistema de códigos QR, o status socioeconômico dos cidadãos. E favorece desse modo o acesso das famílias necessitadas às ajudas sociais das missões socialistas. Ao final de dezembro de 2017, um total de 16 milhões e meio de cidadãos haviam se registrado no Carnet de la Patria.
O presidente também impulsionou a criação do movimento “Somos Venezuela” com a finalidade de agilizar o processo de implementação das ajudas sociais. Os 200 mil brigadistas de “Somos Venezuela” têm por tarefa a identificação, casa por casa, das necessidades das famílias registradas. Depois, distribuem as ajudas às famílias de acordo com as verdadeiras necessidades. Outro objetivo importante do movimento “Somos Venezuela” é garantir 100% de pensionistas em todos o país, como prometeu Maduro.
O presidente propôs também o plano “Chama Juvenil” voltado aos jovens entre 15 e 35 anos de idade, com o propósito de incorporá-los ao emprego em áreas orientadas à satisfação de necessidades humanas identificadas por meio do Carnet de la Patria e do programa “Somos Venezuela”. O projeto é direcionado, particularmente, a jovens universitários desocupados, jovens não escolarizados, mães solteiras, e jovens em situação de rua. Estima-se que este novo projeto irá gerar cerca de 800 mil empregos.
Todos estes avanços sociais constituíram, sem nenhuma dúvida, algumas das mais apreciadas vitórias do presidente Maduro de 2017.
Poderíamos citar também os êxitos obtidos no campo da política externa, em particular a extraordinária turnê internacional do mandatário, em outubro, por Bielorrússia, Argélia, Rússia e Turquia, que culminou em importantes acordos bilaterais destinados a vencer a batalha da guerra econômica e social. Ou as incessantes negociações mantidas pelo presidente com os países produtores de petróleo (OPEP e não-OPEP) que permitiram, em 2017, um espetacular aumento de preços do barril em mais de 23%!
Citar também a grande ofensiva contra a corrupção iniciada em novembro com o anúncio de várias dezenas de detenções espetaculares entre o alto comando da Pdvsa e da Citgo, incluindo dirigentes de primeiro escalão. Nada parecida tinha acontecido em cem anos de indústria petroleira venezuelana. Essa foi sem dúvida a vitória mais comentada do presidente Maduro no fim de 2017.
Para terminar, é necessário reforçar mais uma vez que a destruição da imagem de Nicolás Maduro é a finalidade principal das campanhas mundiais de propaganda pilotadas pelas grandes corporações da comunicação. Sem esquecer a permanente guerra digital na esfera da internet por meio de múltiplas plataformas na web, e as redes sociais como Facebook, Twitter, Whatsapp, Youtube, Instagram, etc. Todas essas armas de manipulação massiva tratam de degradar a figura do presidente e manipular a realidade venezuelana. Tornam invisível o nível de respaldo real de amplos setores da população ao mandatário, e ocultam as violências da oposição. O objetivo é político: dobrar a Venezuela bolivariana, ator chave do sistema-mundo, não só pelas volumosas riquezas, mas sobretudo por seu modelo revolucionário e social. E obviamente pela sua importância geopolítica como potência anti-imperialista de influência regional. Até agora, todos esses planos para defenestrar Maduro fracassaram. Como ele mesmo afirmou: “O imperialismo não conseguiu nos asfixiar, nem poderá contra a Revolução Bolivariana em nenhum dos campos que tente”. Ao contrário, o presidente se fortaleceu em 2017.
Isso o permitiu retomar a iniciativa estratégica para a pacificação do país. Preocupado com a defesa dos grandes interesses nacionais, e apegado aos princípios de honestidade e máxima humildade, Maduro propôs à oposição sentar-se à mesa de negociação e retomar o diálogo. Desta vez no ambiente neutro de Santo Domingo, à base do respeito e do reconhecimento mútuo. Com a ideia de reestabelecer uma negociação nacional permanente como método democrático para defender o interesse da nação e para regular o conflito que surge naturalmente das diferenças políticas em meio a uma revolução. Tal avanço rumo à paz foi talvez a vitória mais valorizada do presidente.
Neste ano heroico de brutais ataques e infinitas agressões, o chavismo demonstrou sua força e capacidade de superação. Conseguiu ampliar a base de apoio, incrementando as forças políticas e sociais a favor da revolução. Aí está, mais sólido do que nunca. O que significa um alívio e uma esperança para toda América Latina. Em que pese os inimigos, o presidente Nicolás Maduro confirmou – com suas doze brilhantes vitórias de 2017 – que continua sendo, como dizem seus admiradores, “indestrutível”.
Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do NOCAUTE. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie. Leia o nosso termo de uso.
Joaquim Arraes
04/01/2018 - 22h46
O imbecil que escreveu este texto de merda é apenas um canalha ou ele sofre de retardamento mental também?? Pelo amor de Deus, como pode alguém defender uma ditadura de merda como aquele que mata as pessoas que protestam, prende oposicionistas, condena crianças à morte por desnutrição e se recusa a promover eleições limpas??? CANALHAS !!
Nestor lopes manoel
05/01/2018 - 22h49
Meu amigo! seu comentário é típico de alguém que apoiou o golpe no Brasil, e ainda não se deu conta da merda que fez, por ignorância, ingenuidade, sei-la!!! seu comentário é típico também de alguém que não tem conhecimento político econômico e social dentro do seu país, quanto mais de outros países na qual você não está lá pra presenciar e estudar o caso. Seu comentário é típico também de alguém que preserva o ódio na cabeça que bloqueia seu cérebro a enxergar a verdade, veja bem! jamais um governo nacionalista de qualquer partido, faria o que este governo está fazendo com o brasil. Se o Maduro não fosse um governo nacionalista, não teria ganhado em 19 estados. Veja só! o que está fazendo com a soberania do nosso país com os nossos direitos, com uma velocidade absurda, isso não é uma ditadura, é uma tortura com estupro! concorda? Apesar de você ter aqui fontes confiáveis pra te manter informado, como esse site, me parece que você atém a fontes de informações mentirosas financiadas por grandes corporações, que aliena o seu intelecto. Pensa bem!
JoãoP
04/01/2018 - 16h59
Será que algum dia o PT vai aprender a politizar os cidadãos brasileiros? Ou aprende ou desaparece.