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Após a repercussão do caso da Universidade de Brasília, vítima de ameaça de censura por parte do ministro da Educação, Mendonça Filho, outras universidades do país se solidarizaram e também incluíram a disciplina sobre o golpe de 2016 em suas grades curriculares.
É o caso da Unicamp, Universidade Federal da Bahia e Universidade Federal do Amazonas, que oferecerão a seus alunos os mesmos ou variações dos tópicos e bibliografia do curso “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, criado pelo professor titular da UnB, Luis Felipe Miguel.
“Existe uma articulação nacional de resistência à ingerência indevida do senhor Ministro da Educação na autonomia universitária, que foi historicamente conquistada no mundo”, diz a professora Patrícia Valim, do departamento de Filosofia e Ciências Humanas UFBA. Na Bahia, o curso será coordenado pelo professor Carlos Zacarias.
Segundo ele, apesar das divergências políticas dentro da universidade, existe um sentimento majoritário de que houve um golpe em 2016: “A nossa limitada democracia está em risco e é preciso defendê-la, começando a defender a universidade”.
Mendonça Filho publicou um texto no Facebook na quarta-feira passada no qual diz que acionaria a Advocacia-Geral da União (AGU), o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal (MPF) para que seja apurada “improbidade administrativa” por parte dos responsáveis pela criação da disciplina: “A ementa da disciplina traz indicativos claros de uso de toda uma estrutura acadêmica, custeada por todos os brasileiros com recursos públicos, para benefício político e ideológico de determinado segmento partidário, citando, inclusive, nominalmente o PT”.
Segundo um dos coordenadores do curso na Unicamp, a manifestação do MEC mostra que o governo Temer “já foi muito longe no autoritarismo”: “Um ministro da educação imaginar que pode intervir nos programas e nas teses das disciplinas oferecidas pelas universidades é algo muito grave. A produção científica e cultural e a formação dos estudantes dependem da liberdade de pensamento, do pluralismo e da autonomia universitária”.
Para o professor César Augusto Queirós, da UFAM, a rede de solidariedade que se formou é uma “clara demonstração de que a comunidade acadêmica não tolerará a censura à atividade intelectual. Infelizmente, estamos vivendo um tempo em que fantasmas do passado nos espreitam e se torna fácil para quem tem o papel social de analisar o passado escutar as mesmas vozes que gritaram em 1964 e durante a ditadura militar”.
Apesar das manifestações do MEC, ou graças a elas, a inscrição de alunos na disciplina na UnB está lotada e já tem lista de espera. De acordo com o sistema da universidade, 40 estudantes aguardam desistências para cursar a matéria. O semestre letivo começa no dia 5 de março.
Em resposta à manifestação de Mendonça Filho, Miguel afirma que trata-se de “uma disciplina corriqueira (…) que não merece o estardalhaço artificialmente criado sobre ela. A única coisa que não é corriqueira é a situação atual do Brasil, sobre a qual a disciplina se debruçará”, diz o texto publicado pelo professor no Facebook.
Atualizada às 12h do dia 27 de fevereiro
Após o fechamento da reportagem, várias outras universidades do país anunciaram que também dariam o curso. Veja a lista abaixo:
Unicamp (Universidade de Campinas)
UFBA (Universidade Federal da Bahia)
UFAM (Universidade Federal do Amazonas)
UFS (Universidade Federal de Sergipe)
UEPB (Universidade Estadual da Paraíba)
URGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei)
UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora)
UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)
 
 
 

 

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