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Venezuela prova que diferenças políticas se resolvem com eleições

*Por Pedro Ibañez/de Caracas
Com a vitória do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) nas eleições estaduais do último domingo (15), o chavismo se consolidou como a principal força política do país. Meses depois de enfrentar uma crise política e econômica, a expectativa é se a oposição terá vontade para dialogar e se sentar à mesa com o governo venezuelano.
Os próximos passos serão a posse dos governadores eleitos e a retomada das mesas de diálogo, apesar de aliança de partidos opositores Mesa da Unidade Democrática (MUD) já ter declarado que não reconhecerá o resultado da votação.

Neste domingo, 15 de outubro, aconteceram na Venezuela as eleições regionais convocadas pela Assembleia Nacional Constituinte. O chavismo se posiciona novamente como a primeira força política do país, em 18 dos 23 governos que compõem o território nacional.
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Na terça-feira (17), quando o presidente Nicolás Maduro concedeu uma entrevista coletiva com a imprensa estrangeira se anunciou em Bolívar, estado do sul do país, na fronteira com o Brasil, teve maioria chavista. Isso dá ao chavismo teve 56% dos votos nacionais, em comparação com a oposição, que obteve 45% dos votos nacionais. Estamos falando de um padrão eleitoral de mais de 18 milhões.
Jorge Rodríguez, dirigente do Partido Socialista Unido de Venezuela, explicava que, com este resultado, o chavismo se coloca a nove pontos percentuais à frente da oposição no que se refere ao voto nacional.
Isso significa cerca de um milhão de votos. O que mostra que o chavismo recupera seu voto histórico, que em parte havia migrado para a oposição em dezembro de 2015, na eleição para a Assembleia Nacional.
No entanto, com essa recomposição do cenário político, a oposição tem cinco estados. Mas é preciso considerar que, nesses cinco estados, quatro foram conquistados com a “tarjeta blanca”* da Acción Democrática, um partido representativo do “punto fijismo”**, do pacto que durou de 1958 até 1998, um partido que esteve muito timidamente por trás do Primero Justicia, do Voluntad Popular, partidos da direita que haviam promovido a violência e a aventura política, como recentemente, em 2017, a partir de abril, por mais de cem dias, promoveram a violência nas ruas, insurreição, deixando mortos e feridos.
O Primero Justicia obteve só um estado. É preciso explicar também a configuração geoestratégica de dois estados obtidos pela oposição. A Acción Democrática obteve dois estados na frente mar caribe, que seria Anzoátegui, onde está o polo petroleiro, e Nueva Esparta, estado turístico, assim também, Mérida e Táchira, que são estados andinos, na fronteira com a Colômbia, uma situação um pouco complexa, já que aí aconteceram contrabandos e anomalias com relação à presença de paramilitares do lado colombiano.
Já o partido Primero Justiça venceu em Zulia, também produtor petroleiro, onde aconteceram inclusive houve atos violentos depois da eleição. Essa é uma das linhas que caracteriza esse partido. Partido de direita, cuja conduta tem sido violenta. No entanto, a vitória chavista, como disse o presidente Nicolás Maduro, recompõe o cenário nacional e manda um mensagem para o exterior, começando pela União Europeia, à OEA e aos Estados Unidos, indicando que a Venezuela, o povo soberano, pode resolver suas diferenças.
Além disso, o chavismo, também dizia o presidente Nicolás Maduro, tem duas fortalezas. Uma é recuperar-se enquanto força política. A outra é derrotar golpes de Estado, levando em conta que está enfrentando a guerra econômica e todas as manobras que fizeram de fora do país na Venezuela para realizar uma operação tenaza.
Há outro tema para considerar. A mesa de diálogo com a oposição, que vinha acontecendo nas semanas anteriores à eleição na República Dominicana, agora se reativaria tomando, tendo em vista a vitória chavista em 23 estados. Isto aconteceria nesta semana. É preciso ver como vão se desenrolar os fatos.
Nesta quarta-feira (18), a Assembleia Nacional Constituinte vai juramentar os novos governadores que foram eleitos, sejam de oposição, sejam do partido do governo, todos vão se apresentar diante do poder plenipotenciário da Assembleia Nacional Constituinte que, na agenda política de acordos, o que vai acontecer com a mesa de diálogos.
A mensagem da Venezuela para o mundo é como se resolvem as diferenças políticas a partir da paz, da participação cidadã e com a unidade povo e forças armadas para manter a paz, a concordância.
O que fica agora é a vontade de diálogo que tenha a oposição para se sentar à mesa e chegar a acordos de convivência com o governo nacional venezuelano.
* Tarjeta blanca” da Acción Democrática se refere às candidaturas apresentadas pela legenda. A Acción Democrática é também conhecida como Partido Blanco (Partido Branco).
**Punto fijismo se refere ao Pacto de Punto Fijo, um acordo firmado em 1958 pela Acción Democrática, Copei e URD (União Republicana e Democrática).  O texto estabelecia que apenas esses partidos poderiam disputar as eleições, excluindo o Partido Comunista.  O principal efeito foi a criação de uma alternância de poder, excluindo a esquerda do processo eleitoral. A etapa punto fijista terminou em 1999, quando Hugo Chávez foi eleito presidente.
 

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