Cultura

Santander se borra de medo do MBL e censura exposição em Porto Alegre


Depois de protestos do MBL (Movimento Brasil Livre), o Santander Cultural decidiu fechar a exposição “Queermuseu – cartografias da diferença na arte da brasileira”, em Porto Alegre. O principal objetivo da mostra era valorizar a diversidade sexual.
“Entendemos que algumas das obras da exposição Quuermuseu desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo (..) Pedimos sinceras desculpas a todos os que se sentiram ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra”, manifestou o Santander por meio de uma nota, divulgada no domingo (10).
A Queermuseu deveria ficar aberta entre 15 de agosto e 8 de outubro. Eram 270 obras de 85 pintores como Alfredo Volpi, Cândido Portinari, Adriana Varejão, Clóvis Graciano e Ligia Clark.
O MBL comemorou. “Vitória da pressão popular”. O MBL do Rio Grande do Sul chegou a chamar o Santander de “vergonha dos gaúchos” e pediu que os correntistas do banco encerrassem suas contas em protesto.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o movimento afirma que as obras fazem apologia à pedofilia e à zoofilia. Dizem que “só tem putaria, só tem sacanagem” que é “reconhecida como arte”.

O cabeça do MBL, Kim Kataguiri endossou as comemorações, reivindicando o crédito pela censura, afirmando não se tratar de arte.
“O Santander cancelou uma amostra de ‘arte’ com material que contém pedofilia e zoofilia direcionado a publico escolar após pressão nas redes do MBL e de outros grupos de direita”, postou.
Algumas pessoas relataram nas redes sociais que membros do MBL chegaram a visitar o local com frequência e a assediar verbalmente os visitantes.
O curador da mostra, Gaudêncio Fidelis, diz ter sido pego de surpresa com o cancelamento da mostra. “Não fui consultado pelo Santander sobre o fechamento. Fiquei sabendo pelo Facebook. Logo em seguida, recebi uma rápida ligação da direção do museu, em que fui comunicado da decisão. Perguntaram se eu queria saber a opinião do banco sobre o assunto. Respondi que não precisava, uma vez que a nota divulgada já dizia tudo”, disse, citado pelo jornal O Globo.
Para o presidente do Santander Cultura, Sérgio Rial, a exposição “está ancorada em um conceito no qual realmente acreditamos: a diversidade observada sob aspectos da variedade, da pluralidade e da diferença”, que cada vez mais ganha “atenção por parte da nossa organização”, segundo consta no encarte de apresentação.
O objetivo era promover o “questionamento entre a realidade das obras e do mundo atual em questões de gênero e suas nuances”.
O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr. (PSDB), também comentou o caso. Na sua página do Facebook, reforçou o discurso de que a mostra tinha “imagens de zoofilia e pedofilia”.
Marchezan Jr. é apoiado pelo MBL. Seu mandato já teve episódios polêmicos, como quando ele obteve uma liminar na Justiça para que os protestos contra sua gestão fossem proibidos.
Em protesto contra o encerramento da mostra, o Nuances – Grupo Pela Livre Expressão Sexual organiza nesta terça-feira (12) à tarde, em frente ao Santander Cultural, o Ato pela Liberdade de Expressão Artística e Contra a LGBTTFobia, “em defesa da liberdade de expressão artística e das liberdades democráticas”.
 

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  1. Avatar
    Carlos Valentin says:

    Mas não foi este banco que, em 2014, enviou comunicado aos clientes no extrato mensal fazendo propaganda contra a candidatura Dilma? Porcaria igual a porcaria do mbl.

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