América⠀Latina

Lula: "Trump precisa aprender que a gente não resolve conflito com armas"

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula


“Se tem uma coisa que a América Latina pode ensinar aos Estados Unidos é: nós gostamos de paz”. Essa foi a resposta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à ameça de intervenção militar na Venezuela, feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Trump precisa aprender de uma vez por todas que a gente não resolve conflito político com armas. Isso se resolve com diálogo, com acordo, com conversa. E ele se não sabe fazer, nós aqui na América Latina podemos ensinar como construir a paz no nosso continente. Porque não tem lugar nenhum do mundo que tenha mantido a paz que nós mantivemos”, afirmou Lula na noite de terça-feira (15).
Leia mais:
EUA querem usar Brasil e Colômbia para fazer o serviço sujo na Venezuela
O ex-presidente falou sobre o conflito da Venezuela e a relação da América do Sul com os Estados Unidos no evento de lançamento do Instituto Futuro Marco Aurélio Garcia, que homenageia o professor. Um dos principais nomes da diplomacia e da luta pela integração latino-americana, Marco Aurélio Garcia foi Assessor Especial da Presidência da República nos governos de Lula e de Dilma Rousseff e faleceu no último 20 de julho.
A sede do Instituto será na Argentina e terá como foco o desenvolvimento compartilhado e a integração latino-americana e caribenha. Luiz Dulci, ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência, será diretor da organização. A coordenação executiva ficará a cargo do professor e jornalista argentino Martín Granovsky.
“Durante 500 anos aprendemos a ser inimigos. O continente não foi forjado para que o Brasil e seus vizinhos, os vizinhos e o Brasil fossem amigos. Em toda América Latina, houve a cultura da divisão entre nós. Da inimizade entre nós”, argumentou Lula.
O presidente dos EUA deveria ter proposto criação de instituições para o diálogo, sugeriu Lula, em vez de falar em solução armada. “O companheiro Maduro não tem a eloquência do Chávez, mas a gente não pode permitir que qualquer que seja o erro que ele tenha cometido ou que ele venha a cometer permita que um presidente americano vai utilizar força para poder derrubar […] Queremos que o Maduro acerte, faça as coisas certas e governe bem”.
Lula citou instituições multilaterais como Unasul e Celac, e afirmou que poderiam ter feito mais, como o Banco do Sul, por exemplo. “Queremos pensar com a nossa própria cabeça, queremos ter autonomia, pensar pela nossa cabeça, escolher um tipo de desenvolvimento que nós queremos. Nós precisamos que aprender – e ainda temos muitas falhas”.
“Vivemos o período mais democrático da nossa querida América Latina, e agora estamos vendo a situação se deteriorar”, lamentou.
Lula também criticou a manifestação neonazista que aconteceu nos Estados Unidos no fim de semana e questionou movimentos que tentam esvaziar a política, partidos e sindicatos. “Que outro instrumento existe para a governança (…) A que interessa a inexistência de um movimento social forte? A quem interessa a despolitização?”.
O ex-presidente foi escolhido patrono do Instituto – fruto de uma parceria entre a Universidade Metropolitana para a Educação e o Trabalho (UMET), de Buenos Aires, e o Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (CLACSO).
O evento aconteceu no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Participaram também os ex-chanceleres Celso Amorim, do Brasil e Jorge Taiana, da Argentina, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o presidente da CUT, Vagner Freitas, o secretário geral da Confederação Geral do Trabalho da Argentina, Hector Daer, e o secretário geral da Central dos Trabalhadores da Argentina, Hugo Yasky.

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *